Como já é exposto há um bom tempo, os reflexos da estagnação e desaceleração do mercado interno e externo em todo o Brasil abriram duras feridas na economia nacional. De 2014 a 2018, o PIB caiu quase 5%, a indústria amargurou queda de 9% e, ainda mais grave, o setor de Construção Civil despencou quase 26% no período. Por peso corolário, os efeitos também afetaram significativamente todos os demais setores, que, ainda que lutando debruçados sobre pilares da criatividade e inovação, apresentaram resultados muito aquém do ideal, gerando desemprego, baixa na renda familiar e, por consequência, alimento à crise.

No plano municipal, principalmente no meio empresarial, ocorreu algo muito semelhante. Muitas empresas quebraram e fecharam as portas, outras ajuizaram pedidos de recuperação judicial, mas muito poucas tiveram o fôlego para manter a qualidade do seu balanço financeiro.

E embora o que se esperasse fosse uma retomada quente, acelerada e generalizada, os dados de 2018 e os primeiros semestres de 2019 mostram que, embora já haja um chama de esperança, ainda não é possível gritar em voz alta que deixamos os dias de preocupação no passado. Conforme os dados da Revista Panorama Socioeconômico, do CIC-BG que serão oficialmente apresentados no dia 25 de novembro, a indústria bento-gonçalvense apresentou, após quatro anos, crescimento real positivo.

Os números, embora menos animadores do que o esperado, corroboram com o que é falado há anos

Os números, embora menos animadores do que o esperado, corroboram com o que já vem sendo falado há anos. Bento Gonçalves, com sua veia empreendedorista, cultura de trabalho e enfrentamento e pioneirismo em inovação, está à frente do cenário brasileiro e deve se reerguer dos períodos estáticos da crise muito em breve, com números interessantes já a partir do próximo ano.

Dentro deste cenário, vale a pena reiterar o aumento no número de produtos exportados, em diversos segmentos, que revelam uma mudança e maturidade em questão ao mercado externo, abrindo novas possibilidades para o produto municipal, além de novas frentes competitivas no âmbito internacional.

Aliado a isso, o número de importações também cresceu de forma exponencial, chegando a 11,3%, e embora a área de importação possa não parecer tão atrativa para muitos, uma vez que dá vez aos produtos estrangeiros, na indústria, principalmente, este indicador mostra que as empresas bento-gonçalvenses estão preocupadas em investir em novas tecnologias e fundamentos, o que, sinceramente, só vem a somar.

Desta forma, diferentemente de anos anteriores, nossa projeção vai de encontro ao crescimento do município em 2020 e manutenção de aquecimento econômico, lastreada não no efeito indutor de um choque de confiança, que obriga o investidor a aplicar sem certeza de resultados, mas no desempenho corrente e prospectivo do consumo micro e macro. Ainda que eventuais revisões possam aparecer, se nossas suspeitas, assim como as do estudo do CIC, estiverem corretas, Bento Gonçalves, assim como boa parte da região Serrana, tem muitos pontos percentuais a crescer nos dias que virão.