A ONG Sou um Grãozinho de Areia denunciou a venda de estricnina em casas agrícolas de Bento Gonçalves, veneno de comercialização proibida, que estaria sendo utilizado para matar animais de estimação, no bairro Imigrante. De acordo com a entidade, pelo menos 12 cachorros já morreram por envenenamento, entre 2016 e 2017.
O Semanário tentou comprar o produto nos estabelecimentos denunciados. Em um deles, no Centro, o proprietário, exaltado, alegou que “uma vez vendia”. Ele conta que após uma abordagem policial, que resultou na apreensão da estricnina, deixou de comercializar o veneno.
Em outro caso, numa loja agrícola da Cidade Alta, o proprietário relata que não comercializa estricnina porque seu fornecedor foi preso e o vendedor que assumiu o lugar “não é de confiança”. Nos demais estabelecimentos, alguns vendedores nem sequer sabiam o que era o produto.
Segundo a coordenadora voluntária da Sou um Grãozinho de Areia, Márcia Manuel, existem fortes indícios que apontam para determinados vendedores, mas ainda não conseguiu provar. Ela relata que os casos de envenenamento são mais recorrentes próximo à praça do bairro, em frente ao ginásio, na rua João Casagrande, e na rua João Fianco. “Quem está envenenando os cães é quem faz esse trajeto, o ponto de referência é a academia, na praça. Pelo exame, sabemos que é estricnina”, afirma.
A coordenadora relata que, recentemente, ocorreu a morte da cachorra Drica, também por envenenamento. “Foram quatro animais em 30 dias, sendo que 3 foram a óbito”, ressalta.

Drika e mais três cães foram envenenados, no bairro Imigrante, no último mês. Foto: Reprodução

A placa

A Associação dos Moradores do bairro Imigrante e a ONG realizaram uma reunião com a Secretaria do Meio Ambiente há aproximadamente um ano. Segundo Márcia, na época, a administração pública se comprometeu em instalar uma placa, na praça, com o telefone para denúncias contra envenenamentos. “Até agora não instalaram”, reclama.
A coordenadora lembra que quem a atendeu foi o secretário de Administração, Ivan Toniazzi. Na época, ele substituía o titular do Meio Ambiente, Amarildo Lucatteli, exonerado para concorrer a vereador. “Nós encaminhamos todos os registros de mortandade de animais por envenenamento à Secretaria do Meio Ambiente, conforme solicitado, mas não tomaram qualquer providência”, reitera.
De acordo com informações da Secretaria do Meio Ambiente, as placas já “foram requeridas por meio de termos de compromisso ambiental”. A Prefeitura aguarda o pagamento de uma multa ambiental, que deve ser quitada com equipamentos para o meio ambiente.
A previsão é de que a sinalização seja instalada até setembro, respeitando o prazo de pagamento. Além disso, o bairro Santa Helena também deve receber uma placa semelhante.