Além do município, Salvador (Bahia) e Guarulhos (São Paulo) apresentaram as boas práticas. Encontro ocorreu de forma online, no dia 14

A pandemia do coronavírus fez com que muitos profissionais da saúde tomassem a posição da linha de frente de batalha. Pensando nisso, no mês de abril, a prefeitura de Bento Gonçalves iniciou um projeto de apoio psicológico e de cuidado à saúde mental desses verdadeiros heróis. O trabalho ganhou reconhecimento nacional e foi apresentado no 4º Encontro Virtual IdeiaSUS/Fiocruz, no dia 14. Além de Bento Gonçalves, somente Salvador (BA) e Guarulhos (SP), também foram selecionados para apresentar as boas práticas.

O Espaço Escuta, como assim foi denominado, busca escutar e acolher para que o profissional seja capaz de lidar com o novo contexto e continue atento à execução dos protocolos de trabalho, sem negligenciar o cuidado de si. “Referindo-se a qualquer indivíduo, diagnosticar suas causas de sofrimento sempre será importante, pois desta forma as possibilidades de cuidado se potencializam e, consequentemente, a minimizam dos possíveis prejuízos que eles podem acarretar para si e para aqueles que o cercam em suas relações sociais. Nós, enquanto trabalhadores da saúde mental do município, sentimo-nos muito honrados quanto ao reconhecimento nacional das ações, mostra-nos que estamos no caminho certo, sendo exemplo nacional e, acima de tudo, que a população de Bento Gonçalves, para quem trabalhamos, está sendo alcançada”, sublinhou o psicólogo e coordenador da Saúde Mental, Maurice Bouwary.

Como funciona

Hoje em dia, atuam presencialmente três psicólogas no serviço, sendo que, na fase inicial da pandemia, o projeto chegou a contar com dez, de diferentes serviços das redes de Saúde e Assistência Social. As ações são feitas via contato telefônico de busca ativa, videochamadas e plantões presenciais, quando os profissionais buscam espontaneamente o serviço.

Sala de escuta, local onde os profissionais são atendidos

Bouwary destaca que ao passo em que novas fases da pandemia se instauraram, outras demandas surgiram. O serviço conta também com formações, rodadas de educação permanente e atividades culturais. De forma conjunta, quase 5,1 mil pessoas já foram atendidas.

Perfil do servidor

O coordenador aponta que nas fases iniciais da pandemia, as demandas estavam mais relacionadas ao medo do desconhecido e ansiedade nos trabalhadores. Exposição ao risco, tanto de contrair o vírus quanto de, eventualmente, transmitir aos familiares, medo de morrer e de perder os que amam, foram outros sentimentos citados.

Conforme o tempo foi passando, os demais problemas foram dando lugar ao esgotamento emocional e ao sofrimento ligado à necessidade de viver o presente, já que as incertezas em relação ao futuro impediam de fazer planos mesmo para um futuro próximo, como viajar nas próximas férias.

Ainda segundo ele, houve afastamentos pontuais de trabalhadores devido à sofrimentos psíquicos ocasionados ou intensificados em razão da pandemia. Entretanto, como o Espaço de Escuta não é responsável pela totalidade dos acompanhamentos – que também ocorrem na rede privada e em outros pontos de atenção – não é possível precisar o número. Como há mais mulheres do que homens entre os profissionais de saúde, tal diferença reflete nos atendimentos realizados.

Para saber:

O canal de comunicação com a população é pelo telefone (54) 3055-8523. Para os profissionais de saúde, o agendamento para presencial é pelos (54) 3055-7302 (UBS Zona Sul) ou (54) 99917-7243. Já o atendimento online é pelo (54) 99698-8199.

Foto: Prefeitura/Divulgação