O app deve auxiliar os produtores e empresas no desenvolvimento de ações sustentáveis junto a produção de uva
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A idealizadora da iniciativa é a Coordenadora do Programa De Pós-Graduação em Viticultura e Enologia do IFRS, Shana Sabbado Flores. “A proposta é ter uma ferramenta on-line, que as vinícolas ou produtores possam entrar, cadastrar-se e responder um questionário. A partir de então, a ferramenta gera um relatório de avaliação de sustentabilidade, mostrando a situação atual e sugerindo iniciativas”, explica.
Shana conta que a ideia foi tomando forma durante o doutorado, quando participou de uma palestra sobre os programas de sustentabilidade de diferentes regiões produtoras de vinho do mundo. “Na hora pensei: por que o Brasil não tem nada disso? Afinal de contas, somos referência em diversas áreas e temos umas maiores áreas do mundo preservadas. Então, no meu doutorado me dediquei a desenvolver um protocolo com critérios e indicadores que avaliasse sustentabilidade no mundo dos vinhos”, relembra.
Para a elaboração do projeto foram necessárias visitas técnicas em 6 países e estudos de protocolos internacionais de outros 6, tornando a jornada uma pesquisa longa e detalhada. Shana queria que o projeto realmente causasse impacto e fosse utilizado pelos produtores, então a ideia inicial era criar um manual para utilização do público.
Uma das parceiras para a implantação do BaccuS foi a vinícola Família Lemos, que conheceu o projeto através da publicação de um artigo na revista Brasileira de viticultura e enologia, e a vinícola Chandon. Os dois projetos auxiliaram no desenvolvimento do questionário e nas formas de análise que são utilizadas hoje no aplicativo. “Apresentei parte desse trabalho em 2023 na Fiema (Feira de Negócios, Tecnologia e Conhecimento em Meio Ambiente em Bento Gonçalves), e um colega da área de tecnologia de informação me perguntou se eu nunca tinha pensado em transformar em um sistema. Fizemos uma parceria e hoje trabalhamos juntos para desenvolver esse projeto”, explica a doutora.
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O aplicativo deve fornecer um relatório diagnostico para apresentar o contesto em que se encontram as empresas e agricultores e apontar sugestões para novas iniciativas ou aprofundar as técnicas já existentes, valorizando o que já está em andamento. “É importante destacar que a ideia do BaccuS não é e nunca foi um ‘julgamento’, mas dar caminhos para quem tem interesse de desenvolver ações nessa área. Para além disso, a maioria das vinícolas que tivemos contato já possui muitas ações, mas muitas vezes não reconhecem como ações de sustentabilidade ou não sabe como valorizar isso”, enfatiza Shana.
A previsão é que o BaccuS esteja disponível para o publico a partir do segundo semestre de 2025 e seu acesso será gratuito. A plataforma já foi testada em 10 vinícolas e a partir dos resultados obtidos planeja-se criar uma versão simplificada do diagnóstico.
O nome BaccuS
Shana conta que a ideia do nome começou a partir do relato de um amigo que havia feito doutorado na Alemanha. Em sua faculdade havia a tradição de dar um nome para a tese de dissertação, para que o pesquisador pudesse apaixonar-se por aquela “pessoa”, que seria tese. Assim, ao iniciar a pesquisa, a doutora decidiu nomeá-lo como o deus do vinho, Baco. “Que o Deus do vinho me auxiliasse nessa jornada (risos). Já no final da pesquisa, quando eu estava publicando o protocolo, uma amiga sugeriu que deveria ter um nome. Eu fui tentando vários nomes, pensando em acrônimos com a palavra sustentabilidade, até que um dia surgiu o BaccuS com S de sustentabilidade em destaque!”, Shana complementa.