Estamos vivendo em tempos de extrema crise econômica, política e social. E o pior de tudo é que não vemos perspectivas de mudança. A luz no fim do túnel se apagou e estamos dentro dele, sem saber para que lado ir, que rumo tomar. Tenho dois filhos pequenos e muito me preocupa o mundo que estamos deixando para eles.
Quando eu era adolescente, jovem, me realizava quando meus pais falavam em “ir a Porto Alegre”. Aquilo tudo era um sonho. Cidade grande. Shopping, trem (metrô, no caso), milhares de táxis vermelhos, todos iguaizinhos, circulando pelas ruas. Lanchar no McDonald’s era uma realização.

Em Bento Gonçalves, nossa maior alegria era andar a pé. Dava para fazer tudo a pé. Sair à noite com as amigas, ir para a festa, voltar de madrugada. Tudo a pé. E de minissaia, com salto, carteira com dinheiro, jóias (bijus, é claro), relógio. Não tínhamos celular, mas se quisessem levar o pouco dinheiro que carregávamos, podiam levar. Mas não tinha quem levasse. E se tinha, eram pouquíssimos os assaltantes que circulavam pelas ruas…

Hoje me sinto muito insegura. E certamente não estou sozinha neste sentimento. Tenho medo de ir jantar fora, por exemplo. Andar na rua à noite, a pé, nem pensar. Já fui assaltada em frente à minha casa, às 11h30 da manhã. Imaginem o pavor que senti.

Porto Alegre, bem como todas as grandes cidades, estão virando o caos. O Rio de Janeiro já está passando vergonha perto da linda capital dos gaúchos. Imaginem vocês, que já têm filhos adolescentes, que saem na noite, seus filhos estarem dentro de um bar muito famoso e entrarem seis homens armados. Isso ocorreu na última semana. E é só um exemplo. Assaltos, roubos, furtos, tudo pela droga. O Prefeito está implorando para que as forças armadas tomem a cidade.

Algumas pessoas por aí dizem que é culpa do desemprego, que é culpa do Governo. Mas eu não consigo enxergar desta forma. É só abrir o jornal todos os dias. Vagas existem, e aos montes. Faltam sim pessoas qualificadas e, principalmente, confiáveis, para que as vagas sejam preenchidas. Falta interesse. Falta humildade. Todos querem começar por cima, não querem ganhar o salário. E desta forma, não tem o que ser feito, nem como ser feito. As pessoas precisam se sujeitar, mas se sujeitar a viver dignamente.

Também estou bastante sentida com a situação do Estado como um todo. Além de estarmos vivendo esta crise econômica, política e social, me entristece conviver com esta questão relacionada ao parcelamento do pagamento dos salários do funcionalismo. Quem trabalha tem todo o direito de receber. Sei, sei mil vezes que vão receber, mas o direito é de receber integralmente, conforme o combinado, no dia estipulado. Os trabalhadores não podem pagar pela negligência dos péssimos administradores da coisa pública, que tivemos durante muitos anos, que não souberam dominar a situação e deixaram o Estado nesta situação caótica.

O mundo, por sua vez, enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a Comissão Europeia. O que está acontecendo por lá enche nossos corações de tristeza e nos dá a sensação de impotência, ao mesmo tempo em que nos envergonha ao percebermos do que o ser humano é capaz…

Mais uma vez que questiono, e sei que você também faz isso. Que mundo estamos deixando para os nossos filhos? Como eles irão sobreviver nesta selva? Será que não é hora de darmos um basta, de fazermos nossa parte?