Ao longo dos últimos anos a política brasileira tem mudado muito. E, lamentavelmente, para pior. A partir do momento em que partidos identificados (sim, identificados, porque todos têm uma queda enorme pela direita, historicamente, tanto que já ficou impossível distinguir isso) com a esquerda, ou seja, com tendências socialistas, o que se verificou foi o crescimento absurdo do ódio, da intolerância, do confronto, da agressão, enfim foi um tiro no pé de todos os envolvidos notadamente dos “de direita”. Quando o regime de força (somente setores da imprensa alinhada cresceram bastante, como as Organizações Globo e algumas famílias) tomou o poder com um golpe sem precedentes na história do Brasil (e há quem tenha gostado, mesmo não podendo sequer abrir a boca), a extrema direita brasileira encontrou campo fértil para cooptar políticos de escrúpulos duvidosos. Apenas dois partidos foram permitidos, a Aliança Renovadora Nacional, Arena – que hoje se identifica com o PP, DEM, PSDB, PPS e outros – e o Movimento Democrático Brasileiro, MDB – hoje identificado como PMDB, PTB, PDT e outros -, possibilitando, assim, aos governos militares e seus apoiadores total domínio político. Sim, porque ou se era “a favor” ou se era “subversivo”, sujeito, então, a todos os tipos de represálias, ilimitadamente. E veio a “democratização”. Os “donos do Brasil” (banqueiros, ruralistas, usineiros, empreiteiros, grandes empresários…) do golpe militar não perderam poder, não. Passaram a cooptar políticos para continuarem a seu serviço. Quando enfiaram José Sarney, ex-Arena, apoiador dos governos de força, agora filiado ao PMDB, goela abaixo dos brasileiros, já dava para pressentir o que viria dali em diante. Sarney convocou Assembleia Constituinte que, depois, formou o Congresso Nacional, um absurdo fantástico para quem saia de uma ditadura. Esses aí fizeram uma constituição parlamentarista (desafio alguém provar o contrário), onde vereadores, deputados e senadores foram dotados de amplos e totais poderes. O resultado disso foi o que se tem visto desde 1985: prefeitos, governadores e presidentes se viram “comendo na mão deles”. Com tais poderes, esses parlamentos, recheados de corruptos e oportunistas, não hesitaram em “negociar” cargos nos poderes públicos e em estatais. Obviamente, tudo o que se vê agora é resultado desse parlamentarismo estúpido a que fomos submetidos. Quem são os corruptos flagrados nas estatais, empreiteiras, bancos, grandes empresas, etc? Exatamente aqueles a quem chamo de “donos do Brasil”. O que eles não imaginavam é que, ao invés de manietar o ministério público, a polícia federal e alguns membros não alinhados do judiciário e “engavetar” processos e investigações, surgiria um governo que não moveria uma palha para impedir isso, justamente porque o povo já é melhor informado, com portais de transparência e outros. O resultado é o que se vê agora. PMDB, PT, PP e outros tendo membros presos. Só falta tirar das gavetas e investigar os malfeitos de gente do PSDB, do DEM e de outros da mesma linhagem. Será que os figurões do PMDB presos ontem continuarão a levar “de compadres” seus amigos do PSDB, DEM, etc? A conferir.