Transferência dos detentos para nova casa foi concluída em 1º de novembro de 2019. Desde então, prédio no Centro virou depósito de entulhos

Se o antigo Presídio Estadual de Bento Gonçalves incomodava devido à localização e ao temor de motins e rebeliões devido à localização, o que incomoda, desde que foi completamente desocupado, em 1º de novembro de 2019, são os entulhos que permanecem no prédio. Roupas, calçados, colchões e outros materiais fazem parte da “paisagem”, que pode ser vista por quem transita pela Rua 13 de maio, uma vez que uma parte do muro foi derrubada.

Conforme o diretor da Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves, Volnei Zago, tudo é muito lento e difícil, desde o transporte, até a mão-de-obra. “Para tudo que for feito é preciso ter autorização ou aguardar que cada um cumpra com a sua parte”, diz.

Não bastasse a situação, servidores da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) e da 1ª Delegacia de Polícia (1ªDP) convivem, desde pouco tempo após a desocupação, com ratos e baratas. “Abandonaram o prédio e deixaram como estava. Sabemos que a ideia é colocar tudo abaixo, mas se deixarem aí, do jeito que está, daqui a pouco vão acabar ocupando de novo”, afirma o delegado titular da DPPA, Arthur Hermes Reguse, que complementa: “Já solicitamos à Vigilância Sanitária que faça uma verificação da situação, como também já enviamos ao Consepro alguns orçamentos para que seja efetuada a dedetização”, completa.

Em janeiro, parte do muro entre as delegacias e o antigo Presídio foi derrubada por uma equipe da Prefeitura, a pedido da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), através do diretor Zago, a fim de que fosse efetuada a retirada da tela e seu reaproveitamento na nova casa prisional, porém, devido às condições em que se encontra e à impossibilidade de acessar o local com uma máquina, a ideia foi abolida. “Foi então que autorizamos as delegacias a utilizarem o pátio como estacionamento, uma vez que há espaço e que a movimentação no local é importante”, ressalta o Diretor.

Ainda segundo Zago, há material no interior do Presídio que pode ser aproveitado. “Hoje mesmo (17 de fevereiro) estivemos lá para retirar o mobiliário da Escola, que será reutilizado na nova Penitenciária. Há, também, uma cadeira de dentista que foi doada pelo município de Guaporé, mas é bastante antiga e, como estamos reivindicando uma nova, solicitamos a eles (Guaporé) que realizem a retirada. Estamos devolvendo, e isso demora”, pontua.

O Diretor finaliza afirmando que, após concluídos todos os processos, ou seja, quando tudo que for reaproveitado for retirado, irão chamar recicladores para buscar o que não poderá ser reutilizado.

O desenrolar de todo o trâmite se dará no momento em que a Prefeitura receber um documento autorizando o desmanche do prédio. O terreno, pertencente ao Município, foi cedido ao Estado para a obra há cerca de 70 anos e, agora, dentro das negociações para a construção da Penitenciária na Linha Palmeiro, o Governo deverá devolver o mesmo para a municipalidade, o que dará a autonomia para demolição da edificação nele existente. Ainda não há definição de quando o processo irá ser encerrado.