Tem coisas na vida que nunca vamos entender. E como a dúvida corrói. A falta de perspectiva, a lacuna que a falta de resposta cria. Temos questionamentos, dúvidas, queremos saber o por quê. Lá na frente, certo dia, provável que não vamos mais querer saber, afinal essas respostas já não servirão mais para as novas perguntas.
A gente quer saber porque não deu certo, porque a pessoa não responde mais, porque logo agora que ganhei um extra meu pneu furou. Mas a gente não entende que não deu certo porque não tinha que dar, que fulano não responde porque você merece mais e você ganhou um extra justamente para poder comprar o pneu novo.
É mais fácil enxergar isso na vida dos outros, não é?
Não entendemos no momento presente, e esquecemos de agradecer por muitas coisas…às vezes as dúvidas estão na minha cabeça como uma panela de pressão. Nunca pensei que dissesse isso, porque nem consigo explicar a sensação. É aquele sentimento que arrebenta o peito, mas você não faz nada. Porque não tem forças. Às vezes é uma cicatriz antiga, outras, uma saudade recente.
Somos culpados por nossas preocupações. Escravos de nossa mente. Sucumbimos a ansiedade.

Bom mesmo seria estar em um filme, para quando você estiver estressado sair para beber sozinho, em um bar qualquer. Na vida real é provável que você não ache um lugar para sentar e se achar, vai ter que saber lidar com os olhares penosos e estranhos ao redor. “O que ela está fazendo aqui sozinha?”
Até parece que na vida real alguém vai lhe fazer uma serenata e as pessoas que estiverem na rua vão cantar junto. Em primeiro lugar, sem serenata. Qual a chance de após terminar equivocadamente com o amor da sua vida, você ir até o aeroporto porque comprou uma passagem só de ida e ele vir correndo atrás, passar a tempo pelo caótico trânsito e conseguir o seu perdão? Ou quando o cara descolado e famosinho da sua cidade vai se envolver com seriedade com a menina que não tem sobrenome de burguês?

Sempre que tentei ser quem não sou me feri e feri outras pessoas…talvez o que nos resta é confiar. Confiar que há um propósito. Quando estamos no limbo emocional, sinto que nenhuma força humana, a não ser a nossa própria, é capaz de nos tirar de lá.
Nessas horas, você não quer falar com ninguém e ao mesmo tempo se sente solitário. Se alguém chamar, “me deixa em paz!”. Se ninguém chamar, “meu Deus ninguém me ama!” Talvez não haja tempo para resolver o que não tem explicação. Mas como tudo nessa vida, isso também passa, e, talvez, precisamos disso para entender algumas coisas. Resta descobrirmos nossa própria verdade, sem depender da resposta de outra pessoa.
E como fazer isso melhor do que nessa quarentena?
Nem todo o mundo vai descobrir a cura, alguns vão curar a si mesmos. Da angústia, da ansiedade, da falta de amor próprio. É difícil se arrumar pra assistir um show sentada no sofá, sozinha, sabendo que ninguém vai bater à sua porta, nem ligar. Mas ser feliz com isso, é a resposta que separa as meninas das mulheres.