Será apenas mais um dia normal!
Em 1948, numa casa de madeira pintada de amarelo localizada onde se situa o plantão de primeiros socorros do Hospital Tacchini, na então Rua Fernando Abbott, entre as casas dos Dinardo e dos Teixeira, numa época de epidemia de meningite, quando mulheres grávidas permaneciam isoladas em quarentena, eu nasci.

Contando nos dedos isto foi há 69 anos. Por “conselho” de amigos disseram para informar que entrei nos setenta ao invés de dizer que completei sessenta e nove. Pura besteira!
Agora faltam poucos meses para minha aposentadoria. Tudo está planejado para “pendurar as chuteiras” no dia 2 de julho de 2018. Há quem diga que será impossível para quem está acostumado a um ritmo tão frenético de trabalho. Vou parar e pronto!

Gente muito capaz está apta para me substituir nas atuais funções e está na hora de deixar meu confortável cargo de empregado.
Quando vejo a dona Olga, com seus 91 anos, entrando em minha casa, numa mão sua mala de viagem e na outra um saco de frutas que horas antes colheu no seu pomar em Cotiporã, de pronto vou ajuda-la. Ela se recusa e diz:
– “Eu sou capaz!”
Se a dona Olga ainda está na ativa é um sinal claro de que nos meus apenas 69 anos de idade ainda vou longe.

Há vezes em que a cabeça está a mil por hora e o corpo não acompanha. Aos 70 anos, quando me aposentar, poderei entrar numa academia de ginástica e também frequentar aulas de Pilates. Agora ainda não posso: são tantas as viagens a trabalho que fico pagando mensalidade sem poder frequentar. Me consolam as tartarugas que andam bem devagar e vivem seus trezentos anos.

Além dos jornais de Bento Gonçalves, também vou assinar os jornais da Capital do Estado porque terei mais tempo para ler. Vou escolher um supermercado para comprar coisas, um banco da praça para sentar, uma bodega para frequentar e planejo até uma horta para cultivar verduras. Deve ser muito legal!
Neste 17 de agosto meu melhor presente é o PRESENTE: A VIDA.