Em novembro de 2010 escrevi aqui, na Coluna, que a folha de pagamento dos funcionários públicos teria problemas para ser paga pelo governo. O motivo de ter escrito isso foi o fato de a ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) ter concedido, por força de lei inventada pelo ex-governador Antonio Brito, aumentos consideráveis a todo o funcionalismo, inclusive àquele que receber salários nababescos. Pois Tarso Genro, empurrando com a “barriga” dos depósitos judiciais, conseguiu pagar a folha. Agora explode na mão de Sartori todos os lapsos de vários governos anteriores, notadamente de brito em diante. Mas, sinceramente, alguém não sabia que isso tudo iria explodir?

E agora, José?
Pois é, o pepino, o abacaxi está aí, para ser descascado. E Sartori não pode dizer “eu não sabia”. O problema, agora, é como resolver esse imbróglio todo, certo, José? Bem, eu posso dizer como não se resolverá isso tudo. Obviamente não é vendendo estatais como brito fez. E não é, também, aumentando impostos como Rigotto fez e Yeda tentou, mas não conseguiu. Os fatos estão aí para comprovar. A solução é, me parece – salvo melhor juízo – fazer o que fazem as empresas: reduzir custos. Custos, vejam bem, não investimentos em saúde, educação e segurança pública. Mas haverá competência para isso? Veremos!

Corrupção não tem sigla
Qualquer pessoa, mesmo de mediana inteligência, mas desprovida de ódio político-partidário, sabe perfeitamente que não há virgens na zona política brasileira. Ou seja, em todos os partidos existem corruptos, ladrões da pior espécie. Literalmente, todos! Aliás, no “petrolão”, os que se salientam pelo número de envolvidos são do PP e do PMDB, com “menção honrosa” por “tempo de serviço” para membros do PSDB. O que preocupa, mesmo, as pessoas inteligentes, de bem, que não são coniventes com a roubalheira, venha de que partido ou setor ou lado ou categoria for, é a seletividade. Sim, as roubalheiras estão sendo divulgadas seletivamente, a partir dos que têm o dever de investigar, apurar, chegando à imprensa. Essa, notadamente a chamada “grande imprensa”, deixou de ser “informativa” para adotar posturas nitidamente, escancaradamente político-partidária, de um ou de outro lado.

Quem está certo?
O governo do PSDB, de FHC, adotou as medidas que entendia corretas: aumento da taxa básica de juros, aumento da inflação e desemprego. Tudo isso intimamente entrelaçado. Vejamos os índices inflacionários desse período: 1996, 9,56%; 1997, 5,22%; 1998, 1,65%; 1999, 8,94%; 2000, 5,97%; 2001, 7,67%; 2002, 12,54%; 2003, 9,3%. Já a taxa de juros foi: novembro de 1996: 25,27%; novembro de 1997, 45,67% (recorde no período do governo fhc); outubro de 1998, 42,12%; janeiro de 1999, 44,95%; dezembro de 1999, 19%; maio de 2000, 18,6%; dezembro de 2001, 19,05%; dezembro de 2002, 24,9%. A fonte desses índices é o Banco Central do Brasil. Como se pode constatar, a taxa de juros não tem nenhuma influência prática sobre a inflação, no sentido de reduzi-la. Causa espécie é o governo do PT ter adotado as “mesmas soluções”, comprovadamente ineficazes, que geram desemprego, arrocho salarial e instabilidade. Tudo o que sempre combateram.

Qual a fórmula correta?
Da mesma forma que o que comentei sobre o Estado do Rio Grande do Sul, a solução para os problemas nacionais é a mesma: redução de custos, sem prejudicar os investimentos. Ah, sim, mas o que são “custos”, afinal? Obviamente tudo aquilo que foge ao normal, ao lógico, ao correto, ao bem gerir o dinheiro público, o tratar igualmente os iguais, sem privilégios odiosos às minorias. E, certamente, sem roubos, desvios, falcatruas, locupletações em todos os setores, sejam públicos ou privados. É só ver o sonegômetro em Brasília, colocado pelos agentes da receita federal e que registra o valor dos impostos arrecadados e não recolhidos aos cofres públicos. O valor sonegado já monta apreciáveis trezentos bilhões de reais. Cobrem, pois, dos sonegadores e nos poupem de mais impostos, menos saúde, segurança e educação.