Tive acesso esta semana a dados estarrecedores sobre a saúde aqui, em Bento Gonçalves. Sempre soube, enquanto membro do Conselho Municipal da Saúde, que muitas consultas, exames, procedimentos e outros não teriam o devido comparecimento das pessoas interessadas, mas não tanto assim. As ausências em consultas marcadas, inclusive com “especialidades médicas”, são grandes. Nas viagens marcadas, com agendamentos em Porto Alegre, Caxias do Sul ou outros há muitas pessoas – acima do aceitável – que, simplesmente, não comparecem. Ônibus, vans, ambulâncias deslocam-se com lugares e procedimentos já marcados faltando muita gente. E a Secretaria da Saúde, além de marcar, telefona para os interessados confirmando o agendamento, dia e hora da viagem. Mesmo assim as faltas são constantes. Vivemos um momento em que a falta de dinheiro nos cofres públicos chega a um ponto crítico em que até salários são pagos com atraso. E o reflexo desta falta de dinheiro se dá em empresas privadas, fornecedoras de produtos e serviços para os poderes públicos. Quando prefeituras, Estados e União deixam de pagar em dia seus compromissos com empresas privadas, obviamente isso repercute também nos salários dos empregados e, certamente, na manutenção de empregos, já que uma das medidas imediatas tomadas para contenção de gastos é a demissão de funcionários. Inadmissível, pois, que existam pessoas sem a consciência dos problemas que causam quando não comparecem aos procedimentos solicitados e agendados na Secretaria da Saúde. Temos acompanhado a preocupação constante, sistemática do coordenador médico da Secretaria, doutor Marco Antonio Ebert. A negociação do contrato com o Hospital Tacchini foi extremamente complicada, já que o Tacchini não pode atender pelo SUS sem receber pelos serviços prestados. O corte nos atendimentos é iminente, exatamente por falta de verbas municipais, estaduais e federais. A tal de crise está batendo em todas as portas. Imperioso, portanto, que se tomem medidas imediatas em todas as esferas de governo para estancar isso tudo. E, obviamente, que esses usuários do SUS tomem consciência do mal que estão causando a toda a população, notadamente àquelas pessoas que necessitam, realmente, de atendimentos, de exames (muitos comprados pela Secretaria) e não conseguem porque esses que faltam não têm respeito para com a saúde pública. Entidades, associações de bairros, clubes de serviços, empresas, enfim toda a sociedade organizada precisa se unir, imediatamente, e deflagrar ampla companha de conscientização de todos para com esse problema. Falta dinheiro e muito está sendo jogado fora. Algo precisa ser feito para estancar isso.