Há décadas ouço que os governantes gastam mal. Diz a lenda que não só gastam mal, mas que arrecadam muito. Todos sabem que a carga tributária brasileira é imensa e aumentou muito depois da Constituição de 1988, mas, especialmente, durante os oito anos governo de fhc, quando a mesma era de 29,46% do PIB passando a 35,53% do PIB oito anos depois. Nesses últimos anos, houve mais de cento e cinquenta setores da economia que tiveram algum benefício tributário. As medidas foram tomadas para estimular o consumo interno e o emprego e incluíram a desoneração da folha de pagamentos das empresas e redução de tributos, como, por exemplo, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros novos, móveis e eletrodomésticos da linha branca (geladeiras e fogões) e do ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins – Importação, além dos produtos da cesta básica. As medidas com maior impacto nos cofres públicos, segundo a Receita, foram a desoneração da folha de pagamento (R$ 21,6 bilhões), a redução a zero dos tributos federais sobre a cesta básica (R$ 9,33 bilhões) e a decisão judicial sobre o PIS/Cofins dos importados (R$ 3,64 bilhões). Inicialmente, o governo previa uma renúncia fiscal em torno de R$ 101 bilhões no ano passado. Entre janeiro e setembro de 2014, o governo federal já avaliava ter aberto mão de arrecadar R$ 75 bilhões em impostos. Importante destacar-se, também, que a extinção da CPMF – tributo ao qual se atribuía percentual final ao consumidor, pelo “efeito cascata”, de 11% – onerou os cofres públicos. Mas, é inegável que todas essas reduções e desonerações havidas jamais significaram redução de preços ao consumidor, ao povo, sem ser o IPI sobre veículos, que as fábricas faziam questão de destacar o preço reduzido por isso. Essas desonerações e reduções tributárias – renúncia de receitas – aliadas à sonegação que corre solta no Brasil (nesta terça-feira, às 14 h, o sonegômetro dos auditores da receita federal apontada a fantástica cifra de 165 bilhões de reais), e reforçadas pelo “gastar mal”, indubitavelmente provocaram o rombo nos cofres públicos. Agora, com o impedimento de Dilma Rousseff, esses desmandos todos, essa irresponsabilidade toda, deverá ser revertida. Os impostos deverão retomar seu patamar anterior. Que os governos – federal, estaduais e municipais – gastam mal é público e notório. E com não podem – porque os próprios políticos criaram a situação – reduzir as “folhas de pagamento” dos poderes públicos porque é “dereito adequerido”, a solução é clara, nítida: aumentar as receitas. E retomar os tributos desonerados ou rebaixados é a lógica. Ou não? Ouvi, também, críticas ao governo por ter incentivado o consumo e não a poupança e o investimento. Bem, agora o consumo foi para o brejo. A poupança está sendo reduzindo para investimentos com maior rentabilidade. Então, o novo governo que virá, terá todo o apoio para solucionar, com o retorno até da CPMF. A FIESP e outras importantes entidades sinalizam apoio total ao novo governo. Agora vai! Ah, sim, como sempre, abro o espaço para contestações e correções sobre o que escrevi, caso haja algum erro.