Uma forma de voar sem tirar os pés do chão. É assim que os apaixonados pelo aeromodelismo definem esse hobby. A prática consiste em construir, planejar, manipular e manobrar aeronaves em escalas reduzidas, ou seja, os aeromodelos. A existência desses miniaviões já vem de muito tempo. O primeiro modelo – que estabeleceu o desenho básico dos aeromodelos atuais – foi construído pelo engenheiro Pénaud, há 148 anos. De lá para cá, a prática vem sendo disseminada pelos admiradores. Em Bento Gonçalves, um grupo de adeptos se juntou há mais de dez anos e fundou o clube Aerovinho.

O montador de móveis, Cristiano Moraes de Abreu, um dos pioneiros do grupo, cresceu apaixonado por aviões, mas por falta de condições financeiras na época, não pôde realizar um curso de piloto. Alguns anos depois, decidiu praticar o aeromodelismo. “Quando começamos, não tínhamos um local próprio para fazer os voos, mas conseguimos um terreno plano aqui em Bento e íamos para lá. O esporte exige que o local não tenha obstáculos, fiações, árvores e casas muito próximas, tem que ter muito cuidado com carros e pessoas”, explica.

Cristiano Moraes de Abreu

No começo, o grupo era composto por cerca de quinze integrantes, onde os mais experientes instruíam e ensinavam quem estava recém começando. “Com o tempo perdemos aquele terreno, ficamos dois meses sem ter local para voar e muitas pessoas acabaram se dispersando do nosso grupo”, relata de Abreu.

Sem local para realizar os voos, o empresário Fabiano Sibem, também veterano do grupo, decidiu comprar uma área de dois hectares, em São Pedro, no Caminho de Pedra, para que pudessem continuar com os voos. Sibem apaixonou-se por avião ainda pequeno, quando acompanhava o tio piloto no Aeroclube de Bento, mas foi graças ao primeiro aeromodelo que ganhou de presente da esposa, há quinze anos, que começou a praticar o esporte. “Eu fiz um curso em Caxias do Sul e depois comecei a voar aqui em Bento, foram oito anos usando aquele terreno, depois que perdemos a área, acabei comprando o sítio e montei com os outros dois veteranos o Clube Aerovinho”, relembra.

Fabiano Sibem

O gosto pelo aeromodelismo não fica restrito apenas em realizar os voos, Sibem também constrói aeronaves, que demandam um tempo que pode variar entre uma semana a até seis meses, dependendo do tipo de aeronave. “A parte de construção requer fazer pesquisas e trocar ideia com os colegas, estou sempre aprendendo um pouco mais com outras pessoas. O aeromodelismo permite criar, inventar um avião que voa, a questão toda é saber fazer um cálculo de aeronave”.

Entre as maiores dificuldades que os aeromodelistas encontram ao começar a prática, a falta de conhecimento sobre o esporte de modo geral é uma delas. “Não é um hobby fácil de aprender, exige técnica, agilidade, raciocínio. Todo mundo acha que o aeromodelismo é como um carrinho de controle remoto, mas o carrinho não cai, não quebra, o aeromodelo possui um sistema aviação que é diferente, com vários comandos”, afirma Sibem.

A prática do aeromodelismo depende de algo fundamental: condições climáticas. “Não são todos os dias que dá para voar e aqui em Bento o tempo é quase fatal. Em dias de chuva não dá para voar. Se o céu estiver nublado, complica porque precisamos ter uma visão necessária. O dia perfeito é de sol e sem vento”, conta de Abreu.

Por onde começar

De Abreu explica que os iniciantes devem começaram com um aeromodelo mais barato e que podem solicitar ajuda ao pessoal do clube para comprar o modelo ideal. O valor do aeromodelo depende do tamanho e da potencia. “A gente ensina quem está começando e pede para que seja realizado primeiramente um treino em um simulador que é baixado no computador, para que a pessoa tenha noção de como é na realidade. O aeromodelismo é um esporte que exige dedicação”.

Como funcionam os aeromodelos

Existem diferentes categorias para o esporte. Os integrantes do Clube Aerovinho trabalham com o rádio controlado, que funciona com controle remoto e alcança uma distância de 2 km. “Tu tem todo o comando do avião por um controle, não pode ter erro, porque se tu errar, muitas vezes tu não tem chances de recuperar o teu aeromodelo, é como um avião de verdade”, ressalta Sibem.

Os aeromodelos dos integrantes do Aerovinho são todos movidos à gasolina, que pode ser comum ou avgas, que é a gasolina de aviação, porém, é mais difícil de ser encontrada.

Estrutura do clube Aerovinho

O nome Aerovinho foi escolhido para ligar o aeromodelismo com alguma referencia de Bento Gonçalves. De acordo com Sibem, o clube é um local aberto, ideal para a prática do esporte, ou seja, sem casas e carros por perto.

“O clube é um espaço de lazer, onde dá para levar a família e passar o tempo. A gente voa todos os domingos, desde as 7h da manhã estou lá. Não é preciso fazer curso, é só chegar lá no clube, conversar com a gente. Temos uma pista de grama com 180 metros”, explica Sibem.

De Abreu ressalta que para os interessados é fundamental não começar a praticar o esporte sozinho. “Quem quiser pode ir conhecer o clube, a gente dá todas as dicas e todo o apoio que precisar”.

Quem tiver interesse em conhecer ou praticar o esporte, pode entrar em contato com os fundadores do Aerovinho, que cobram uma mensalidade de R$60 aos associados, para manutenção do local.

Contatos via whatsApp:

Cristiano: (54) 9 9968-9444

Fabiano: (54) 9 9183-6656