Se der, ame; se não der, se ame!
Nossa Capa S deste final de semana é uma daquelas mulheres determinadas, pronta para lutar pelos seus ideais e por aquilo que mais ama. Aquela que diz ser a soma de todos os afetos e desafetos que passaram por sua vida e ainda passarão e que se descobre e se renova a cada dia, sem perder a sua essência. Assim é Adriana Raffainer, a mãe da Consthanza, esposa de Luis Gustavo Moraes Quines e filha de Luiz e Denise Inês Echer Raffainer.
Sempre muito dedicada e estudiosa, Adriana revela que concluiu sua graduação – Licenciatura em Letras – com 19 anos. “Filha de professora, meu desejo sempre foi seguir seus passos. Na primeira oportunidade, fiz concurso público – quatro, no total, dois para o Município e dois para o Estado. Passei em todos e optei por ensinar na rede pública municipal mas, embora minha graduação me oportunizasse lecionar para as séries finais, foi ensinando os pequenos que me realizei”, pontua.
Adriana ressalta que seu lado maternal sempre falou mais alto. “Este foi um desejo que não se concretizou no primeiro casamento. Com um hiato de cinco anos, casei novamente, sem as formalidades sociais, construímos nosso lar e fomos vivendo nossa relação de companheirismo, amor e aventura, compartilhando gostos, aspirações e, também, o desejo de ter filhos. Lutamos juntos quatro grandes batalhas e a vitória veio, pequenina, prematura, chorona, amarelinha, e a chamamos de Consthanza, nosso pedacinho de céu”, lembra.
A maternidade
Lutas, conquistas e alegria são as palavras que melhor descrevem a trajetória da profe Adri. Apesar das muitas histórias em sua vivência, uma, em especial, faz seu coração pulsar mais forte e enche seus olhos de lágrimas. “O momento mais feliz, incomparável, foi o nascimento de minha filha, que foi o ápice de uma sucessão de grandes felicidades: o primeiro BetaHCG positivo (depois de três negativos, que pareciam me afundar num mar sombrio), o som dos batimentos daquele coraçãozinho que já estava me dizendo que seria forte e saudável, o rompimento prematuro da bolsa naquela manhã de sábado às seis e meia (sim!!!! Estava chegando a hora!), e o chorinho, a descoberta do sexo do bebê (nunca deixamos a obstetra nos contar, nas ecografias! Queríamos surpresa), o primeiro olhar trocado e, pronto: estava formada a aliança maior a mais forte do mundo – éramos oficialmente mãe e filha”, conta.
Ser mãe sempre foi um desejo? Como foi o decorrer de sua gestação? Meu desejo sempre foi ser mãe… na verdade, queria ter tido cinco filhos! Depois de anos tentando engravidar naturalmente, com reserva ovariana excelente e sem nunca ter tido o diagnóstico correto – os médicos culpavam um mioma e a endometriose para minhas tentativas frustradas -, eis que minha ginecologista pede um exame de trompas. Então, descobrimos que ambas estavam obstruídas a tal ponto de não ser possível reverter. Frustrada, mas ao mesmo tempo aliviada, busquei ajuda em quem eu carinhosamente chamo de minha Dra. Cegonha, a Dra. Angela D’Avila, e começamos o processo de fertilização. Ela, muito profissional, amiga e franca, nos expôs todas as implicações, principalmente as econômicas e as psicológicas, e fomos em frente – e, depois de três tentativas sem sucesso, em meio mais uma bateria de medicação, medo, ansiedade, felicidade, pânico e coragem, naquele início de julho de 2013 veio o primeiro positivo e, dias depois, a confirmação. Sim eu estava grávida, aliás, gravidíssima: eram gêmeos. Para quem já estava com o coração surrado e descrente, ter três corações batendo dentro de si, foi o ápice de felicidade e emoção. Porém, havia o mioma, que insistia em crescer mais do que os meus bebês, enchendo de apreensão os meus médicos e o nosso coração. Algumas semanas mais tarde, um dos pequeninos preferiu voltar para os braços do Criador antes de experimentar meu colo, mas nem por isso foi menos amado e desejado. Foram momentos de desespero, de pavor, porque eu temia pelo outro bebê. Novamente, o fantasma da perda me rondou, mas desta vez o final seria diferente. Minha pequena guerreira ficou firme, cresceu, foi superando o tamanho do mioma e, apressadinha, nem esperou completar o tempo de gestação, vindo ao mundo numa virada de lua cheia para minguante, às 9h45min do dia 22 de fevereiro de 2014.
Como sua família recebeu a notícia? Qual foi a sensação quando viu ela pela primeira vez? Minha família ficou extremamente feliz com a notícia. Eles queriam muito que eu engravidasse, mas sabiam que eu queria mais que todos. Só quem faz FIV sabe que, olhar aquele monitor com a imagem dos embriões que vão ser transferidos para sua barriga – um amontoado de bolinhas de sabão – é uma sensação maravilhosa… eu já estava olhando para os meus bebês! Como uma boba, já estava vendo semelhanças com o pai, os avós (risos). Depois, na primeira ecografia, além de ver, eu já pude ouvir os meus bebês… o som daqueles coraçõezinhos me mostrou que sim, tudo é possível quando se deseja de verdade, quando se consegue suplantar a dor das inúmeras perdas para novamente tentar e, sim, de novo correr o risco de perder… Não acredito em merecimentos, mas acredito que tudo tenha uma razão, um propósito e sei que a minha filha veio para me dar a chance de amar incondicionalmente e de ser grata, de valorizar o que se tem, de compreender que as coisas não são como a gente quer, mas que elas são como têm que ser.