Bento Gonçalves, como a maioria das cidades brasileiras, é muito limitada em termos de acessibilidade para portadores de deficiência. Isso é um fato que não temos como negar e que apresenta resistência e empecilhos para acontecer. O Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, instituído em 1982, visa estimular uma reflexão pública sobre as necessidades dos deficientes, a falta de acessibilidade, e propor uma discussão a respeito das medidas que devem ser tomadas, não só pelo poder público, mas pela sociedade em geral, a fim de incluir, efetivamente, os que possuem limitações físicas e intelectuais. No entanto, é intrigante perceber que, em pleno século 21, nem tudo – locais, serviços, programações – é acessível ao deficiente.

E sempre que este assunto vem à tona, o poder público sempre é considerado o principal responsável. Mas e nós, cidadãos bento-gonçalvenses, de que forma estamos contribuindo para melhorar a autonomia de nossos deficientes? Difícil responder, não é mesmo? Nós temos o costume de dizer que a prefeitura não faz nada para melhorar a vida dos deficientes porém, quem realmente se preocupou em manter a calçada da frente de sua casa em condições para que um cadeirante ou deficiente visual possa transitar com segurança? Além disso, existem vários fatores que corroboram com esta falha social cometida por todos nós. A falta de intérpretes para deficientes auditivos ou escritas em braile para deficientes visuais em determinados ambientes públicos e ainda a ausência de táxis adaptados são algumas delas.

Diante dessa realidade, eis mais uma oportunidade para refletirmos sobre como estamos tratando o quesito acessibilidade. Há ainda muitas lojas, estabelecimentos públicos e privados que ignoram a medida, assim como moradores que constroem suas calçadas como se ninguém, além deles próprios, fossem passar por elas. Ainda faltam rebaixamentos de guias, mais atividades culturais e esportivas para os deficientes, acessibilidade nos sistemas de comunicação. Por mais que tenhamos avançado em boa parte dos problemas acima citados, ainda carecemos de muitas mudanças, a começar pela chamada “metanoia”, ou seja, mudança de mentalidade, de sentimento.

À medida que cada cidadão incorporar, individualmente, que é preciso agir em prol da acessibilidade, haverá uma transformação coletiva favorável a uma sociedade mais justa e acessível, seja para quem anda com as pernas ou com o auxílio de uma cadeira de rodas. Também para quem possui 100%, 50% ou nada de visão, para quem ouve e fala ou para quem usa as mãos e a expressão facial para comunicar algo. O avanço precisa começar em mim, em você e, assim, refletirá em nós. Sem distinção, em todos nós.