O Abrigo Municipal Casa Azaleia tem, desde a última semana, uma nova coordenadora. Vânia Guizolfi, que por 18 anos trabalhou no Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ceacri) do bairro Municipal, ainda busca conhecer todo o funcionamento do local e, aos poucos, implantar sua gestão.

Mas a esperança da nova coordenadora é que as novidades não parem na mudança de comando. Nesta semana terminaram as inscrições do processo seletivo simplificado para o cargo de cuidador(a) na prefeitura de Bento Gonçalves. Dos 68 inscritos, cinco deverão trabalhar no abrigo municipal a partir da segunda quinzena de fevereiro, após um período de treinamento. A contratação é temporária e tem prazo de 10 meses, renováveis pelo mesmo período. “Com estes cinco novos servidores, teremos o quadro completo”, avalia.

Nova casa ainda em pauta

Além disso, a promessa de mudança para uma nova casa, com espaço para mais crianças, segue na pauta para 2017. Desde que a justiça suspendeu novos acolhimentos no abrigo municipal, em agosto do ano passado, em função da superlotação, a prefeitura promete buscar uma alternativa. Promessa essa que foi repassada à nova coordenadora. “Não sabemos onde nem quando exatamente vai ser. Mas nos foi dito que teremos uma nova sede”, descreve Vânia.

A mudança para um local maior é tratada como prioridade, já que desde a chegada de um bebê nascido no dia 26 de dezembro de 2016, a Casa Azaleia passou a abrigar 19 crianças e adolescentes. O número é muito próximo da lotação máxima, que segundo a nova coordenadora é de 22. “Se chegarem mais quatro crianças aqui nós não temos nem onde colocá-las”, afirma. A capacidade oficial do local é de 12 abrigados. Atualmente, o acolhimento de menores em Bento Gonçalves só pode ser realizado com decisão expressa do juiz.

Outro assunto que deve demandar atenção da nova coordenadora é o relacionamento entre as crianças e adolescentes da Casa Azaleia. No ano passado, foram registradas denúncias de agressões entre os abrigados. Em setembro, uma criança queimou o pescoço da outra com um isqueiro. Contudo, Vânia considera que os desentendimentos são normais. “A relação deles é de irmãos e como em todas as famílias eles também brigam de vez em quando. Aprender a divergir também é importante”, descreve.

Atualmente, apenas duas das 19 crianças estão disponíveis para adoção. O restante aguarda a possibilidade de retornar para suas famílias. Contudo, o processo de reintegração é lento e demanda, no mínimo, um ano. A preocupação da nova coordenadora é tornar a Casa Azaleia mais parecida possível com um lar. “A prioridade tornar a vida deles melhor na medida do possível. A organização de passeios é uma alternativa. Já foram a cinemas e até para o Parque das Águas. A intenção é mostrar que não somos uma prisão”, comenta.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário de sábado, dia 28 de janeiro de 2017.