Desde terça-feira, quem costuma passar em frente ao Cemitério Municipal ou vive nos arredores deve ter se deparado com a mudança de paisagem na esquina da Mato Grosso com a Marquês de Souza. No lugar de duas árvores, uma com mais de 30 anos, restou apenas um tronco e galhos espalhados pelo chão.

Para o secretário-geral da Associação Ativista Ecológica (Aaeco), Gilnei Rigotto, por se tratarem de plantas nativas, uma murta e uma aroeira-mansa, não há dúvida de que se trata de um crime ambiental. Segundo uma denúncia anônima recebida pela Aaeco, o corte foi realizado por técnicos da RGE. “São árvores protegidas por por lei que foram assassinadas. Cortaram mais de 40% delas, é um absurdo. Essa poda radical e sem sentido com certeza coloca as duas espécies em risco”, protesta Rigotto.

De acordo com Rigotto, os casos de podas exageradas realizadas pela RGE não são novidade. Conforme lembra, em 2015, a Aaeco se desligou da cadeira que ocupava na Comissão Municipal de Arborização por uma situação semelhante onde pedia uma autuação, que não ocorreu, da companhia de energia pelo corte indevido de árvores na cidade. “Mesmo em casos emergenciais a poda deve seguir regras. Em vez de 30 a 40 pequenas podas, eles cortam um galho só de 10 bifurcações, ou direto no tronco, para fazer mais rápido”, explana.

Em concordância com as observações da Aaeco, o engenheiro florestal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMAM), Artur Sandrin, sublinha que devido a “poda drástica” realizada, as duas árvores não devem mais se regenerar. “Já houve outros casos semelhantes no passado, mas na maioria das vezes eles (técnicos da RGE) só tiravam os galhos dos fios, não sei o que aconteceu ali, eles acabaram com as plantas. Essas árvores não vão mais conseguir brotar. Foi muito radical, um corte agressivo, ficou só o tronco”, critica.

Segundo Rejane Lazarotto, do Setor de Fiscalização da SMMAM, a denúncia da Aaeco esta em processo de análise da Comissão de Arborização Urbana, e após será encaminhada ao setor de Fiscalização Ambiental, para notificação e autuação. Se comprovada a irregularidade a RGE pode ser autuada em até 20 unidades de referência municipal (URM) por árvore, dependendo do diâmetro de cada uma delas. Ou seja, até R$2587,20.

Rejane destaca, ainda, que conforme a legislação somente funcionários da SMAMM, de concessionárias de serviços públicos e do Corpo de Bombeiros podem realizar as podas, em ocasiões de emergências. Em todos casos, é necessário ter autorização da Comissão Municipal de Arborização Urbana e do Secretário Municipal do Meio Ambiente.

Segunda a assessoria de imprensa da RGE, a concessionária não executou podas no local nos últimos 45 dias. “Em visita ao local, foi verificado que se tratam de podas recentes. A empresa está em contato com a prefeitura para os devidos esclarecimentos”, finaliza.