O isolamento era rompido quando se reuniam para rezar. Rezavam o rosário sob uma árvore ou uma casa de algum morador, por ocasião de uma festa, casamento, batizado ou também a cozinha quando se encontrava para o filó. (Isto é, reunião de pessoas com comes e bebes, à noite após o dia de trabalho).

Em todas as linhas e travessões, os moradores reuniam-se em mutirões e construíram capelas de madeiras, pedras ou alvenaria que decoravam primorosamente: altares e imagens de madeira, janelas com vidros coloridos, enfeites de metal a até sinos de bronze no campanário. O fantasma da solidão no meio da mata foi se distanciando.

“O imigrante italiano era católico e religioso. As igrejas, escolas, seminários, capelas e jornais clericais foram as principais instituições culturais e políticas, sobretudo no mundo rural.”

A capela (como sociedade) congregava toda a comunidade: adultos, jovens e crianças.

Cada capela era congregada a um santo padroeiro. Uma vez por ano, os moradores reuniam-se para homenageá-lo. Eram as sagras. São Roque, Santo Antônio, São Valentim, São Pedro, São Marcos, Santa Justina e tantos outros, conforme a devoção do grupo.

Os imigrantes se organizavam em comunidades em torno das capelas e elegiam diretorias, ” os fabriqueiros ” que coordenavam as atividades religiosas e sociais das linhas e travessões (localidade) onde moravam.

“Os homens jogavam bocha, quatrilho, escova, bisca e mora. Participavam de apostas, cavalhadas e sorteios. Jogavam argolas em direção à arvore da fortuna. E cantavam… Ah! La Bella Violeta, Cuell Massolin dei Fiori. La Verginella… e outras.

Depoimento de uma mulher: ” Rezar e trabalhar, eram sim os meus jogos. Criar a melhor receita para preparar a comida, dar o ponto certo do pão, do bolo, da geleia… fazer a dressa (trança de palha de trigo) bem parelha para poder vendê-la para poder comprar roupas para as crianças, conhecer ervas para cada doença. Meu jogo era esse, além de remendar a roupa, descascar as frutas. Estes sim eram meus jogos…”.

Em cada travessão ou linha, em casa núcleo colonial surgiram ferreiros, seleiros, funileiros, pedreiros, oleiros, sapateiros, alfaiates, marceneiros. Serrarias e moinhos foram levantados para beneficiarem madeiras e triturarem grãos. Matadouros, curtumes, barbaquás, ferrarias, cervejarias, alambiques, tecelagens… Uma nova era se anunciava…

A troca de ideias surgia sempre nos encontros sociais e religiosos.