As colônias foram divididas em léguas e estas linhas ou travessões quer, por sua vez, dividiam-se em lotes rurais. O travessão era uma estrada com traçado em linha reta, com aproximadamente 13Km de comprimento e os lotes estavam enumerados em pares e ímpares. Estes foram dividos sobre mapas, sem observações dos acidentes geográficos, o que fez com que muitos enfrentassem problemas de difícil acesso, ou muitos lotes foram diminuídos em função d’água, pois nenhum colono desejava instalar-se onde elas (nasecentes d’água) não existissem (em geral, os lotes mediam de 15 a 35 hectares). O preço também variava, nem sempre foi respeitada e isto atribui a arbitrariedade da Comissão das Terras, estipulando quantias que bem entendia.

Em cada travessão, em cada núcleo colonial surgiram ferreiros, funileiros, predreiros, oleiros, sapateiros, seleiros, marceneiros e moinhos foram levantados para beneficiarem grãos e madeiras. Cortumes, ferrarias, cervejarias, alambiques, tecelagens… Uma nova era se anunciava.

O trabalho gerou frutos: não para enriquecer, mas para manter a numerosa família. Na fase inicial, o isolamento das colônias fez com que se produzisse quase tudo o que era necessário para o consumo local. O comerciante vendia o que o colono não produzia: sal, tecidos e algumas ferramentas.

Mascates percorriam as linhas e travessões, levando mercadorias e novidades, tropeiros e carreteiros com suas mulas bruaqueiras e carretas, levavam e traziam produtos entre os centros consumidores e os portos fluviais. Personagens conhecidos neste mundo, medidos entre estações e entresafras. O contato com os gaúchos possibilitou trocas de mercadorias, de conhecimentos e de costumes.

A casa de comércio da localidade, o baratilho, ou venda, articulava-se como o comércio de maior parte dos centros urbanos e regionais e estes “exportavam” para centros urbanos maiores.

Os agricultores entregavam suas reservas monetárias aos comerciantes das linhas, em troca de baixos juros.
As grandes casas comerciais realizaram o que os colonos não conseguiram, isto é, acumular capitais… e riquezas.

A religião foi a grande força.

O espírito de sacrifício que foi sua característica tinha dimensão cristã e espiritual. Tudo dependia de Deus: o sol, a chuva, a ausência de pragas, a produção farta.

E como eram pessoas fortemente marcadas por uma tradição, o consolo foi procurado na religião.

Os imigrantes decidiram construir a capela (…). Ao redor dela começou a girar a vida social dos imigrantes.