O povo brasileiro é, antes de tudo, um médico, um técnico de futebol, um economista, um político, um louco, etc. Nós damos “receitas infalíveis” para amigos e parentes, as quais resolverão os problemas de saúde; sabemos tanto quanto ou até mais do que um técnico de futebol; todos têm a solução para resolver os problemas da economia nacional; politicamente somos “gênios” e, claro, dotados de uma “doce loucura”. Mas, há algo a acrescentar nessas “características” básicas do brasileiro. Ele tem se mostrado um exegeta, um hermeneuta. Não haviam percebido? Pois é! Mas é tudo isso, senão vejamos. Temos uma Constituição (que eu acho e digo há muito tempo ser um festival de direitos e um convite à impunidade) e muitas leis cujo teor a esmagadora maioria da população desconhece e nada faz para delas tomar ciência. Porém, quem não conhece alguém que “sabe tudo” de legislação e entende tudo do que é “constitucionalidade, delito, crime, contravenção, estelionato, etc”? Por isso é que o título se refere à “versatilidade” dos brasileiros. Nos últimos anos boa parte do povo tem se mostrado exegetas e hermeneutas de primeira hora, dominando completamente a legislação brasileira, a começar pela Carta Magna, a Constituição. Só que as interpretações legais são de acordo com seus próprios “interésses”. Se ele for petista e houver uma investigação do ministério público, um indiciamento da polícia federal e um julgamento contrário aos seus “interésses”, ele não mede esforços para “provar” como esses órgãos são “tendenciosos” contra os “petralhas”. Se ele for antipetista, o que os petistas julgam perseguição para ele será “o cumprimento da lei”. Só que o antipetista muda totalmente de pensamento quando as ações do ministério público, da polícia federal ou do judiciário envolver um “demotucanalha”. A velha máxima que diz “sentença judicial não se discute, se cumpre” foi trocada para “se for desfavorável, discute-se, sim, e como ofensas”. Assim, os novos “exegetas e hermeneutas” brasileiros, surgidos, notadamente, com a criação das redes sociais e da possibilidade de emitir suas “abalizadas” opiniões em sites de informações e notícias, saíram dos papos nos bares, nas empresas e em suas casas, para tentarem ser protagonistas na internet. Perderam totalmente o senso do ridículo e expõe toda a ignorância em palavras e textos que não resistem a uma pesquisa elementar sobre o assunto. Não se importam em pagar “micos” imensos emitindo seu “juízo de valor” ou repassando baboseiras, mentiras e invenções (tudo remunerado regiamente, seja por petralhas ou demotucanalha). Saber onde irá parar essa fase de exegetas e hermeneutas desse povo e no que resultará tantas agressões, ofensas, calúnias e difamações é a grande dor de cabeça atual das autoridades. De uma coisa todos têm certeza: não terminará bem. Quem viver, verá!