A questão da segurança pública no país é um problema constante em nossa realidade social nas últimas décadas, sendo o principal desafio ao estado de Direito brasileiro. Em Bento Gonçalves, a velha questão sobre a construção de um novo presídio volta à tona depois dos constantes casos de motim coordenados pelos apenados. Somente neste ano, houve um incêndio nas alas 3 e 4 do regime semiaberto e três tentativas de incêndio nas últimas semanas. A gota d’água ocorreu no início da manhã de quinta-feira, 14, quando iniciou a operação de revista no presídio estadual de Bento Gonçalves, onde o Pelotão de Operações Especiais, com apoio do Canil do 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM) fizeram a contenção dos detentos no pátio, enquanto que o Grupo de Ações Especiais da Susepe (GAES) efetuava a revista nas celas. Neste caso, foram realizadas quatro revistas e a transferência de dez apenados, que acabaram sendo encaminhados aos presídios de Ijuí e Passo Fundo.

Os problemas relacionados com o aumento das taxas de criminalidade, além do crescimento da sensação de insegurança, não somente nos grandes centros urbanos, mas também na Serra Gaúcha, são os desafios para o sucesso do processo de consolidação política da democracia brasileira. Enquanto isso permanece distante da realidade, a reforma nas instituições, com a superpopulação nos presídios, rebeliões e fugas continuam ocorrendo em nosso país. Não é diferente em Bento Gonçalves, onde a capacidade do presídio estadual é de 198 apenados mas o mesmo tem agora em seu efetivo 279 dentre eles mulheres, presos em regime semi aberto, aberto e também em regime fechado.

A amplitude dos temas e problemas afetam à segurança pública alerta para a necessidade de qualificação do debate sobre segurança e para a incorporação de novos atores, cenários e paradigmas às políticas públicas. Os recentes problemas que vem ocorrendo no presídio estadual de Bento Gonçalves trouxeram à tona, novamente, a questão sobre a construção de uma nova sede no município.

Segundo o diretor de arquitetura e engenharia, Carlos Roberto Hebeche, do Departamento de Engenharia Prisional da Superintendência dos Serviços Penitenciárias do Rio Grande do Sul, o governo estadual objetiva construir um presídio misto ou um centro de reinserção social para o município de Bento Gonçalves. O presídio deve ser construído na Linha Palmeiro, em São Pedro. A previsão da Susepe e do governo estadual é que a obra inicie no próximo ano. Até lá, o presídio estadual continua na rua Assis Brasil, no centro da cidade, colocando a comunidade sempre em risco, com frequentes motins, rebeliões e princípios de incêndio. Até aqui, todos foram controlados rapidamente, mas o problema sempre será um risco.