Todos os dias nos mostram problemas com a saúde pública no Brasil. Sim, a pública, porque a dos apaniguados de vários poderes públicos está de vento em popa, como a dos nossos “mui leais e valorosos representantes do povo”, que tomaram de assalto o Congresso Nacional. Para eles, deputaiada e senaiada, bem como a seus familiares – sabe-se lá até que grau -, bem como para o exército de funcionários “diferentes” do restante do povo que paga os seus salários. Ali, a saúde é de “primeiro mundo”, bem como os salários que lhes são pagos, pouco importando se trabalham ou não. Mas, para o povão, falta muito para se falar em saúde como algo próximo do “satisfatório”. E há, sim, motivos óbvios para que isso esteja acontecendo.

A saúde na UTI II
Vejam como os números se apresentam. A inflação, calculada pelo INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor – no período de 1994 a 2015, atingiu apreciáveis 439,02%; já o IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado (aquele que, normalmente, baliza os aumentos de aluguéis) – foi de inacreditáveis 828,94%. Mas, para o desespero de todos aqueles que prestam serviços para o Serviço Único de Saúde, o SUS, a tabela de preços que o SUS paga foi corrigida, neste mesmo período – 1994/2015 – em 93,31%. Como é possível imaginar que um hospital que presta serviços de saúde à população pode sobreviver com esses ridículos valores que lhes são pagos? Podem imaginar de quanto foi o percentual de aumento que tiveram os produtos utilizados no atendimento à saúde pública? E os equipamentos cada vez mais sofisticados disponibilizados? Pois é, e querem que os artigos 196 e 197 da Constituição sejam cumpridos? Como, senhores parlamentares?

O que fazer?
E, vejam bem, milhões de brasileiros ainda são atendidos satisfatoriamente, apesar de tudo. Os meios de comunicação têm a satisfação mórbida de mostrar exclusivamente o que tem de ruim no atendimento pelo SUS. A eles não interessam os 5 milhões de bem atendidos. Preferem os dez mil (ou muito menos) que não conseguem o atendimento devido. Mas, nós, bento-gonçalvenses e de municípios da região, temos que nos preocupar – e muito – com o Hospital Tacchini. É uma sociedade beneficente, sem donos, portanto, filantrópica, que está fazendo tudo o que pode para poder dar o atendimento de 60% que contratou com o SUS. E, mesmo pagando tudo a preços atuais, de mercado – sejam salários ou produtos de saúde – recebe pela defasada tabela do SUS e isso quanto recebe. Os atrasos são recorrentes. Quanto tempo suportará essa situação? É mais do que hora das forças políticas, entidades e população se unirem para batalhar pelo Tacchini, enquanto isso ainda é possível. Que cada um faça a sua parte.

Falta dinheiro?
Ah, sim, falta dinheiro para tudo, saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, etc. Mas, não falta para os apaniguados de alguns poderes públicos. Os aumentos são concedidos sem o menor respeito. Num momento falam das dificuldades enfrentadas e no momento seguinte derrubam vetos do governo ou aprovam aumentos irreais, insuportáveis. Aqui, no RS, o absurdo superou a tudo o que se poderia imaginar em termos de absurdos da administração pública. Ao mesmo tempo em que são negados aumentos de salários para professores, policiais civis e militares, além de não contratar fiscais de impostos estaduais e pagar salários a “prazo”, derrubam o veto do governador a aumentos para o judiciário e legislativo. E o que dizer do aumento para os ministros do STF? Estão brincando conosco!