A Salvador da Irmã Dulce

Não faz muito tempo estive em SALVADOR, Bahia. No aeroporto, na fila, escolhi o carro pela “cara-crachá”. Deram bronca, deveria eu embarcar no primeiro táxi da fila, deixei as pessoas passarem na minha frente até chegar ao tocaio Henrique. Foi uma benção da Irmã DULCE, amanhã SANTA. Fiquei dois dias com ele, era um homem bíblico, de princípios, falas de Monge, aprendi muito com ele – minha filha em especial, se é que assimilou tanta lucidez.

Fiquei maravilhado com a beleza atual, o esplendor, os pontos turísticos, a cadeia de alimentação de Salvador.

Eu havia conhecido a cidade no caos, a transformação é incrível. Ele justificou dizendo que “o Prefeito é muito bom (Magalhães Neto – PSDB) e o Governador (Rui Costa – PT) também. “Um quer fazer melhor que o outro e o povo ganha com isso”. Para o jornal THE NEW YORK TIMES, EE.UU., o estado nordestino da Bahia tem, em SALVADOR, a única cidade do Brasil digna de ser incluída na lista dos 52 melhores lugares do planeta para se conhecer em 2019, recomendo o FERA PALACE HOTEL, por ser uma joia com vistas para a Bahia. SALVADOR aparece em 14º lugar, NOVA YORK em 31º lugar.

O Santuário da Santa

Ao ser conduzido para o meu “tour” em Salvador, pedi ao Henrique que passasse pelo Santuário da Irmã Dulce (Casa de Atendimento aos Pobres e Hospital) por onde passaram milhares de pessoas. Estranhei o pouco movimento, questionei e ele respondeu “o Prefeito e o Governador estão brigando pelo espólio político e religioso da Irmão Dulce”.

Soube também que, para beneficiar os pobres levando adiante sua obra assistencial, Irmã Dulce pressionava, até por métodos não convencionais, os empresários a ajudarem os pobres. Salvador é incrível, mística e mágica. Os pobres e doentes baianos iam se socorrer na Irmã Dulce enquanto que os turistas e intelectuais vão “aprimorar” sua “intelectualidade”, com uma mãe ou pai Santo. “Corta prá mim” eu disse ao Henrique, “me leva ao Bonfim”. Saindo da Igreja ele disse “tem um Pai de Santo muito bom bem aqui perto”. E eu disse “me leva lá”. E assim se fez na Bahia, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

A Santificação

Um dos cardeais mais importantes da Igreja, o italiano Giovanni Becciu, é o Prefeito da Congregação para a causa dos Santos do Vaticano. Está no Brasil desde segunda-feira. É ele quem decide (no Brasil é o VAR), quem vai ser canonizado. É sua primeira visita ao Brasil, vai presidir a canonização neste dia 13 de outubro quando o Brasil terá sua primeira SANTA, a SANTA DULCE DOS POBRES, um acontecimento de repercussão mundial e uma verdadeira bênção para o povo baiano e brasileiro.

O “ANJO BOM DA BAHIA”, como chamam a Irmã Dulce em Salvador, iniciou um dos maiores hospitais filantrópicos do Brasil usando um galinheiro do convento onde vivia. Deixou como sucessora uma sobrinha, a Irmã Maria Rita, nome de batismo da Irmã Dulce.

Não aceitava não

Irmã Dulce pedia doações para suas obras, para pessoas, para empresários, para Presidentes, não aceitava não como resposta. Para o então Presidente EURICO GASPARA DUTRA, depois de colocar um grupo de crianças na frente do carro presidencial, ela pediu desta forma “meu avôzinho, preciso de oito milhões de cruzeiros para terminar o meu trabalho”, referindo-se às obras do Círculo Operário.

Embora nada pedisse para si, mas sim para os pobres, dizendo “a obra não é minha, nem sua. A obra é lá de cima. Pode deixar que Ele (Deus) vai resolver o problema”, para algumas pessoas Irmã Dulce era uma pessoa “pidona”, pedia demais. Pessoas fechavam as portas quando viam ela se aproximar, houve empresário que se escondeu debaixo da mesa quando ela entrou na loja para pedir. No entanto nada era para si, tudo era para os pobres. Com 12 anos ela já havia transformado a casa em um abrigo para idosos e adolescentes.

Pessoa de hábitos comuns

Irmã Dulce gostava de Coca-Cola, no entanto, tomava de colherinha para preservar a saúde. Quando todo o Brasil questionava “quem matou Odete Roitmann”, personagem de novela, em um programa de televisão perguntaram se ela sabia. Ela disse “olha meu filho eu não sei quem matou não, mas quem matou deve pagar por esse assassinato”.

Aí o repórter perguntou “a Senhora acompanha a novela”? E ela respondeu “que novela”? Quando o Papa visitou a Bahia ela tinha agendado uma audiência com ele, chegou atrasada. Quando chegou foi mais aplaudida do que o Papa tinha sido. Do Médium Nivaldo Franco ela foi grande amiga, foi muito notória também sua amizade com a ialorixá Mãe Menininha de Gantois. Era amiga do cantor Roberto Carlos com quem tomava chá de cidreira ou erva doce.

Os pidões de Bento

A Irmã Dulce, agora SANTA DULCE, morreu em 13 de março de 1992. Dois milagres são a ela atribuídos. Sua cerimônia de beatificação teve presença de 70 mil pessoas. Sua canonização despertou em mim sentimentos absolutos de religiosidade e espiritualidade e me fez transportar o espírito para Bento, das pessoas que pediram, pediram, pediram, não para si mas para as causas que defendiam.

Dorvalino Pozza e Aido Bertuol para o Esportivo; Loreno Dal Sasso para a FERVI; Jovino de Mari para a segurança, Maria Lucia Severo para a Liga de Combate ao Câncer, só pra citar exemplos. É tão corajoso, tão nobre pedir, porém é preciso superar o constrangimento, ter muita força interior, superar a vergonha, ter a capacidade de amargar um “não”. É tão complicado e difícil que a Igreja está cobrando o dízimo através de boleto bancário. Que a SANTA DULCE abençoe os “pidões” de Bento.