Os impostos pesados que recaíam sobre o principal produto sul-riograndense, o charque, seja diretamente (15% na Alfândega) seja sobre o campo (dez mil réis por légua quadrada) que tornava impossível sustentar nos mercados nacionais a concorrência com o charque platino.

Nada melhor que o manifesto de Bento Gonçalves no jornal “O POVO”, de 5 de setembro de 1838, para entendermos a situação: “a carne, o couro, o sebo, além de pagarem nas alfândegas do país o duplo do dízimo a que se propuseram aliviar-nos, exigiam mais 15% em qualquer dos portos do Império…”

“Repetidas representações de nossa parte, sobre o assunto, foram constantemente desprezadas pelo Governo Imperial.”

Diga-se, a bem da verdade, que não eram só os impostos que tornavam difícil a concorrência dos produtos de nossas charqueadas com os produtos do Prata:  “fundamentalmente era a escravidão, como sistema produtivo, que se tornava menos eficaz que a produção assalariada do Prata.” O sistema escravagista tornava-se antieconômico. Isto não o poderiam entender os estancieiros de 1835. Mesmo após o término da revolução, com a elevação de 25% na Alfândega para o charque platino, o nosso só encontrava facilidade de comércio quando nossos vizinhos andavam perturbados pelas contínuas revoluções ou guerras.

No dia 19 de setembro de 1835, à tarde, uma força Revolucionária de pouco mais de 200 cavaleiros comandados por Vasconcelos Jardim e Onofre Pires, acampava na Azenha, arredores da Capital da Província de São Pedro (hoje RS).

O Governo, sem medir exatamente a extensão do perigo, mandou a seu encontro pequena tropa comandada pelo Major Visconde de Camamu. Logo depois do anoitecer verificou-se o choque com a vanguarda farroupilha, a cuja frente se achava o experimentado guerrilheiro Cap. Manuel Vieira da Rocha, o Cabo Rocha. A força legal foi repelida e foi lançar pânico às restantes que haviam ficado na cidade, levando-as a aderirem aos revolucionários. No dia 20 de setembro Bento Gonçalves, vindo de Pedras Brancas (Guaíba), de onde dirigia o movimento, entrava triunfalmente em Porto Alegre.

O Presidente Dr. Antônio Rodrigues Fernandes Braga, fugiu precipitadamente. Diante disto, a Assembleia Provincial declarava vago o cargo para o qual empossou o 4º vice-presidente, o médico Dr. Marciano Pereira Ribeiro e para Comandante das Armas era escolhido Bento Manuel Ribeiro.

Apressou-se Bento Gonçalves em dar conta dos acontecimentos: “Nós rio-grandenses preferimos a morte no campo áspero da batalha, às HUMILIAÇÕES nas salas do Paço do Rio de Janeiro”.

“O RIO GRANDE É A SENTINELA DO BRASIL”