As drogas estão cada vez mais inseridas no cotidiano das pessoas. As ofertas são inúmeras em vários lugares incluindo próximo e até em frente das instituições de ensino. Saber conviver com esse cenário e deixa-lo para trás está sendo mais trabalhado pelas escolas através de uma série de ações que envolve alunos e os pais, nas redes nas redes de ensino municipal, estadual e particular. Em comum em todos os casos, há um forte trabalho de prevenção, envolvendo pesquisa, palestras e conversas abertas entre todas as partes envolvidas.

Estado e Munícipio em ações integradas

Desde 2011, o Governo do Rio Grande do Sul, criou as Comissões Internas de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar. O objetivo do programa é incentivar as escolas no trabalho de prevenção de drogas e outras problemáticas através do mapeamento dos problemas enfrentados no passado e na atualidade. Além disso, buscar ajudar a escola ou a região em que ela está localizada para formar a rede de apoio junto às demais entidades públicas e privadas, tendo a participação da comunidade escolar. Os dados obtidos, são encaminhados às Coordenadorias Regionais de Educação (CRE) para orientarem as ações.

Em Bento Gonçalves, 73 escolas participam do programa, que recebe dados das mesmas a cada semestre. De acordo com os números repassados pela 16ª CRE, entre 2016 e 2017, foram realizadas 412 ações nas instituições de ensino, sendo 215 visitas de orientação realizadas por Agentes de Saúde estadual ou municipal e participação das orientadoras da CRE. Nos casos referentes ao tráfico, posse ou uso de drogas, se mantiveram estagnados em 27 acontecimentos, representando 2,48% em comparação aos demais objetos de análise da pesquisa.

Em termos estaduais, 1.750 escolas que enviaram os dados e a questão de drogas obtiveram 550 casos confirmados, 1,46% em números gerais do programa. No entendimento da Secretaria da Educação, comprovando a eficiência da atuação das CRE e das escolas diante desta problemática. A Coordenadora Pedagógica da 16º CRE, Vanise Marconi, explica como está sendo feito o trabalho. “Atuamos de forma intensa ao lado das escolas. Chamamos a família para uma conversa junto ao filho para orientarmos sobre o assunto e a melhor forma para que esse jovem não permaneça dentro de cenário, que lhe é prejudicial”, diz

Ainda segundo a Coordenadora, os resultados da Comissões que estão sendo obtidos são satisfatórios. “Nesses últimos quatro mapeamentos, obtivemos bons resultados . Sabemos que ainda é pouco, mas já houve diminuição nos índices. Bento está em um ótimo caminho e à frente dos demais munícipios”, fala.

Além de participar de ações do programa do Estado, o munícipio promove ações em trabalho integrado com outras secretarias, sistêmico e preventivo junto às escolas, de acordo com a Secretária de Educação, Irani Luchese Vasques. “Temos a parceria com a CRE para toda e qualquer questão relacionada a este assunto junto aos jovens, sempre tendo a observação de coordenadores pedagógicos. Temos o Conselho Municipal Antidrogas (COMAD), promovemos palestras com a presença de órgãos de segurança, juristas com o OAB vai à escola e várias outras ações para ampliarmos o debate e dar maior números de informações e esclarecimentos aos nossos jovens para que se afastem deste mundo”, fala.

A secretária ressalta que a importância e participação dos pais junto aos alunos nas ações promovidas, o que ajuda na prevenção da entrada no mundo das drogas.

Estratégias parecidas nas escolas

No Instituto Estadual de Educação Cecília Meireles, o assunto é primeiro abordado em sala de aula com orientação direta aos alunos, segundo a diretora Marilei Anderle. “A questão das drogas é abordadas em sala aula, através das Ciências da Natureza, que englobam química, física e biologia. Procuramos mostrar aos nossos alunos os malefícios que o uso de drogas causa no organismo e orientá-los da melhor forma possível” explica.

Ainda segundo a diretora, a escola procura ter um cuidado especial de tratar o assunto diretamente com o aluno e depois trazer a família para o envolvimento. “Primeiro queremos que o aluno entenda que deve estar comunicando a família a respeito. Depois, conforme a necessidade, a gente faz um trabalho com nossas orientadoras junto às famílias. É um assunto delicado e precisa ter um cuidado”.

A estratégia vem trazendo bons resultados, de acordo com Marilei. “Os pais agradecem a escola nesse trabalho de parceria. A escola percebe situações que em casa é mais difícil de encontrar. Todo o nosso trabalho está dentro de uma gestão de conflito para que as relações não se tornem constrangedoras”, diz.

Processo idêntico no Colégio Estadual Dona Isabel, como conta a vice-diretora Irmaci Sinigaglia Lunelli. “Há conversas em várias disciplinas assim como ações com nossas orientadoras e entre os próprios alunos. O que buscamos é deixar todos cientes dos danos que as drogas causam e que caso precisem de algum tipo de orientação, estamos abertos para ajudar. Os resultados são muito bons com todos”, conta.

No Colégio Marista Aparecida Silvia, o tema está inserido em todos os componentes curriculares, de forma interdisciplinar e em momentos organizados pelo Serviço de Orientação Educacional e Pastoral Escolar. Além disso, junto às famílias, conversas e promoção de palestras, com o apoio da Associação de Pais e Mestres, Apamea.

A diretora Silvia Pagot Marodin, ressalta o papel da escola nesse processo de reflexão e conhecimento. “As drogas entram sempre como um ponto fundamental de reflexão e debate, sejam drogas lícitas ou ilícitas, em momentos de formação, aulas, leituras, palestras, teatros, entre outros. A escola é uma instituição de formação humana, local onde as crianças e os adolescentes encontram espaço para aprender a viver em sociedade e construir relações pessoais, com reflexão e colaborando na formação de bons cidadãos, capazes de construir uma sociedade justa e fraterna”, fala.

Na Escola Municipal Alfredo Aveline a diretora Marines Tumelero, o assunto é abordado de acordo com a curiosidade dos alunos. “Se o assunto surgir independente da disciplina, os professores têm a liberdade. Em conjunto com nossas orientadoras, trabalhamos com palestras com profissionais das áreas de segurança, OAB, como forma acima de tudo de prevenção. Cada ação, os pais estão cientes do que acontece. Felizmente nesses dois anos na escola, não tivemos nenhum relato ou conhecimento em torno da nossa escola e nossos alunos”, diz.

Divergência entre alunos

O garoto de 15 anos, iniciais J.V.S, entende que a forma com que o assunto é abordado ajuda. “Acho interessante falar sobre isso em sala de aula e termos alertas vindo das palestras. O caminho do bem está sendo dado, mas cabe a cada aluno estar ciente do que faz, se vai usar ou não. Eu nunca usei e nem me imagino nesse cenário”, diz.

Já outro aluno, 16 anos, inicias F.L.C. não lembra do assunto ser colocado em sala de aula. “A gente conversa entre nós mesmos, durante a aula muito pouco. Na escola teve algumas pessoas indo falar sobre drogas, mas não participei, mesmo que ache importante falar sobre isso”, diz.