Coração em alerta!
Quanto mais elevado é o nosso peso, mais esforço o coração precisa fazer para bombear sangue e deixar tudo funcionando plenamente. Isso sobrecarrega o órgão, que terá que bater mais rápido do que o ideal. O tecido adiposo é um grande produtor de substâncias inflamatórias, e os adipócitos (células de estoque da gordura) aumentam em número e volume com a obesidade. O organismo se cansa de corrigir o erro alimentar e o sedentarismo, e vai progressivamente lançando de volta na circulação o colesterol e os triglicerídeos que não conseguiu armazenar no fígado e tecido adiposo. Essa gordura em excesso no sangue pode formar placas e entupir as artérias, causando um infarto ou AVC. Esse estado inflamatório também pode favorecer a oxidação do colesterol bom (HDL), que se transformará em colesterol ruim (LDL). Todo esse cenário favorece doenças como hipertensão, angina, insuficiência cardíaca, entre outros.

Metabolismo alterado
Quando ganhamos peso, há o aumento do tecido adiposo em dois compartimentos importantes: o visceral (abdominal) e o subcutâneo. Quando o adipócito está cheio de gordura, existe a produção de substâncias inflamatórias que geram uma cadeia de desequilíbrio no nosso corpo. Isso causa o aumento dos níveis de colesterol ruim e triglicerídeos, aumento de gordura no fígado, diabetes tipo 2, elevação da pressão arterial, do risco de aterosclerose e consequentemente de doenças cardíacas e cerebrovasculares. O acúmulo de gordura abdominal é o mais danoso, porque estimula mais a produção dessas substâncias inflamatórias.

Fertilidade em perigo
Quanto maior é o tecido adiposo, maior é a concentração de estrona, um tipo de estrógeno, no sangue. Isso irá estimular o endométrio e aumentar o fluxo menstrual. Ao mesmo tempo, com o aumento do estrógeno, o estímulo para os ovários irá diminuir, não havendo ovulação, o que impede a menstruação. Assim, a mulher demora a menstruar e, quando acontece, é em grande quantidade. A dificuldade de obter a ovulação também pode favorecer um quadro de infertilidade. Já o aumento dos triglicerídeos e a instalação do quadro inflamatório no organismo pode favorecer a infecção urinária de repetição e a candidíase de repetição, ou seja, que sempre voltam a aparecer.
No homem, a obesidade com IMC acima de 40 pode interferir na produção de uma enzima chamada aromatase, responsável por transformar a testosterona em estradiol, um hormônio feminino que, quando em grande quantidade no homem, pode interferir na produção de espermatozoide e diminuir sua contagem. Com o aumento acentuado de peso, a aromatase passa a ser produzida em maior quantidade, transformando mais testosterona em estradiol.

Cérebro afetado
As pessoas com obesidade geralmente sofrem problemas cerebrais devido às complicações clínicas da obesidade, como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia e apneia do sono – todas doenças que favorecem o aparecimento de acidentes vasculares cerebrais, por exemplo. “Mas, por outro lado, observa-se que indivíduos com obesidade e nenhuma comorbidade mostram uma queda do desempenho cognitiva em testes psicológicos, principalmente em idosos”, explica o neurologista Antonio Cezar Galvão, do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho. O especialista afirma que o cérebro da pessoa acima do peso e com mais idade tende a ser mais atrofiado que o normal, mas ainda não se sabe exatamente o porquê. “Especula-se que a obesidade poderia lesionar uma série de tecidos neurológicos. ” Nesse cenário, explica o neurologista, a obesidade também pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer e as demências vasculares.

Câncer em evidência
As pessoas com obesidade parecem ter mais predisposição a vários tipos de tumores. A obesidade leva a uma desregulação do sistema endócrino do paciente, culminando na secreção de várias substâncias como fatores estimulantes e inflamatórios. Isso leva a alterações celulares que podem evoluir para neoplasias. Os cânceres comprovadamente relacionados com a obesidade são os de esôfago, cólon e reto, pâncreas, vesícula, próstata, mama, útero, colo do útero e rim.
A obesidade aumenta a incidência do câncer de cólon e reto e reto por conta da inflamação crônica que ocorre na obesidade, levando a um hiperestímulo celular e o surgimento da neoplasia. Já no câncer de esôfago, a obesidade está relacionada principalmente com o do tipo adenocarcinoma, que tem como outros fatores de risco o refluxo gastroesofágico e o tabagismo. Para o câncer de vesícula suspeita-se que a relação aconteça devido às alterações hormonais da obesidade.
O câncer de mama e o câncer de colo do útero apresentam uma relação importante com a obesidade. As mulheres com a doença têm 1,5 vezes mais chance de desenvolver câncer de mama. Isso acontece porque o hormônio estrógeno, fortemente ligado ao aparecimento do câncer, é produzido em nosso tecido adiposo. Com o excesso de gordura corporal, esse hormônio pode começar a ser produzido em maior quantidade, aumentando o risco de mutação. O câncer de colo de útero, por sua vez, está mais relacionado ao ganho de peso acelerado e aumento da circunferência abdominal, principalmente em mulheres na menopausa. No caso do câncer renal, a obesidade aumenta o risco em 70%, comparável até ao hábito de fumar, que eleva a chance em 50%. Esse câncer também parece estar relacionado à produção de hormônios em níveis aumentados.

Fonte: minhavida.com.br