“Era uma vez uma menina sonhadora que gostaria que tudo desse certo. Ela almejava fazer sempre as melhores escolhas e não se permitia errar por nada.
Certo dia, precisava tomar uma decisão muito importante e pediu ao universo para que a guiasse. O universo respondeu: “vá menina, se quiser. Será bom para você, mas, certamente, não será uma escolha duradoura”.
Então, mesmo querendo que o universo estivesse, em partes, errado, foi lá e fez.
Pouco tempo depois, a escolha teve um desfecho um tanto traumático. Não conseguiu fazer o que se propôs a fazer, sentiu-se impotente e extremamente arrependida. Por muito tempo se culpou e indagou porque o universo havia feito aquilo com ela.
Em outra ocasião, enquanto penteava seus longos cabelos negros, no alto da torre mais alta do castelo – mentira, mas sempre quis dizer isso. Desculpa.
Então, em outra ocasião, sentindo-se sozinha e desesperançosa, a menina sonhadora queria saber se havia encontrado seu príncipe encantado e pediu ao universo se o futuro lhe guardava um amor. Então o universo respondeu: “vá, menina, se quiser, mas não será um amor duradouro”.
Então, mesmo querendo que o universo estivesse, em partes, errado, mergulhou em inverdades e, mais cedo do que esperava, afundou nelas.
Começou a achar que o universo não tinha nada para ela e matou dentro de si todas as expectativas. Ela sobrevivia àqueles dias, suspirando baixinho, a prazeirosa dor de ter desistido. Decidiu, então, que muitas coisas seriam diferentes, inclusive, que nunca mais ia querer saber nada sobre seu futuro.
Enquanto a escuridão pairava sobre ela em uma tarde quente e ensolarada, o universo mostra, sem nem bater à porta, que tudo ao redor dela se transformava todos os dias, e o que lhe parecia tão distante, estava, naquele momento, bem à sua frente. Sem saber que havia um dedo do universo naquilo tudo, ela seguiu um rastro e encontrou um tesouro, dentro da sua própria casa.
Então, ela teve a audácia de tirar lições valiosas em um curto espaço de tempo. Entendeu que o universo não conspirava contra ela nem contra ninguém, apenas cumpria seu papel. Entendeu que suas escolhas foram assertivas para o que tinha que ser e, agradeceu. Agradeceu por ter tido a chance de conhecer a si mesma e outras pessoas de verdade. Agora, ela sabia o porquê de muitas coisas e sabia exatamente como ela não queria ser. Entendeu que nada tinha dado errado, afinal.
Depois de ter feito as pazes consigo mesma, resolveu bater um papo amistoso com o universo. Sem pretensão, ela questionou a fé em si mesma e humildemente pediu ajuda. Não queria saber o que o futuro lhe guardava, só queria se sentir em paz. Então, o universo lhe respondeu: “para todas as vezes que eu lhe disse: vá!, você não foi. O mundo lhe espera. Tudo o que toca você, rapidamente torna-se pequeno demais, quando não está na mesma frequência que a sua. Por isso eu digo, vá! Está fragilizada à toa, enquanto lá fora todos estão assustados com o seu brilho.
A menina entendeu o universo e o perdoou.
E se perdoou.
E mais uma vez, recomeçou”.