A cada feriado prolongado, a cena se repete: motoristas imprudentes e irresponsáveis insistem em trafegar em alta velocidade, alcoolizados e cometendo os mais diferentes tipos de imprudências. As campanhas educativas e a divulgação frequente dos números da violência nas estradas ainda se revelam incapazes de pôr fim à falta de conscientização dos condutores. Pior para aqueles que respeitam a sinalização, conhecem as regras elementares de trânsito e procuram agir com cidadania e respeito. São os mais prejudicados pelas bandalhas.

Chamar a atenção dos motoristas para a questão é fundamental. Milhares de pessoas morrem por ano vítimas da violência no trânsito, boa parte delas em decorrência de acidentes causados por embriaguez. Isso, mesmo depois de legislação específica determinar que é crime conduzir veículos após a ingestão de bebida alcoólica. A infração é considerada gravíssima, com suspensão da habilitação por um ano com multa. Inclusive, em caso de acidentes com morte, o motorista embriagado será julgado por homicídio doloso, aquele com intenção de matar.

A situação demanda atitudes urgentes por parte do poder público. E por parte de toda a sociedade. Não é de hoje que a violência no trânsito é debatida. E mesmo assim, os casos de infração no trânsito muitas vezes não são considerados pelos envolvidos como situações de violência.

Aqui em Bento Gonçalves, durante o Carnaval, pelo menos cinco motoristas foram autuados por estarem dirigindo com sinais de embriaguez. Um deles até atropelou uma turista carioca que caminhava pela rua Herny Hugo Dreher. Em outro caso, a motorista simplesmente andava com uma dezena de garrafas e latinhas dentro do automóvel, fazendo ultrapassagens em alta velocidade nas curvas da morte.

Porém, não são apenas os casos de embriaguez que determinam as mortes no trânsito. Descuidos e imprudências cometidas por motoristas não alcoolizados também provocam perdas de vidas. Na segunda-feira, 3 de março, tivemos um caso onde a motorista sempre cometia a mesma imprudência quando chegava na RSC-470, até que acabou provocando um acidente com morte. Claro que ela não teve intenção de matar, mas o simples descuido e a opção de infringir a lei para ganhar tempo fez com que uma vida se perdesse.

São inúmeros casos que, muitas vezes, poderiam ser evitados. Mas nós, motoristas, sempre olhamos o nosso lado e nos esquecemos de ver o conjunto. A oportunidade de burlar a lei é vista como um mérito e não uma imprudência, infelizmente. Seja nas ruas, ou nas rodovias, o perigo ao volante tem sido praticamente o mesmo. Todos estamos em risco e o simples ato de viajar com a família está cada vez mais perigoso.

A imprudência no trânsito deixa consequências terríveis para inúmeras famílias. Enquanto não houver uma mudança de comportamento dos motoristas e, em alguns casos, dos pedestres, os riscos continuam. Está mais do que na hora de uma nova consciência ser adotada para que os índices possam ser finalmente reduzidos.