Todo mundo sabe que ele é muito importante, mas poucos lhe dedicam tempo no dia a dia. O uso frequente da fita dental está associado à prevenção de câncer, Alzheimer e até parto prematuro. Entenda essa história.

Proteger o coração

Quem vê uma boca saudável vislumbra também um coração livre de ameaças. Cada vez mais se encontram evidências de que as bactérias que se proliferam entre os dentes e a gengiva representam perigo. É que a gengivite e sobretudo seu estágio mais avançado, a periodontite, complicam o estado dos vasos sanguíneos. Daí o papel protetor do fio dental. Em um estudo, constatou-se que os indivíduos que faziam uso rotineiro da fita enfrentavam uma probabilidade menor de sofrer um colapso no peito. O que uma coisa tem a ver com a outra? A doença periodontal, assim como as demais infecções, é caracterizada por um processo inflamatório que contribui para a ruptura das placas nas artérias e um consequente infarto.

Preservar os pulmões

A cavidade bucal mantém comunicação direta com o sistema respiratório. Quem se aproveita disso são as bactérias que moram ali. Ao avançar para a corrente sanguínea e até pelo ar inalado, elas podem causar estragos nos pulmões. Para unir as pontas dessa relação, comparou-se a situação bucal de sujeitos saudáveis com a de 200 pessoas hospitalizadas em função de pneumonias ou doença pulmonar obstrutiva crônica. Davam sinais de calamidade justamente os dentes e a gengiva dos pacientes com problemas pulmonares. Mas não é preciso gastar uma tonelada de fio dental para correr atrás do prejuízo, se for o caso. Em geral, as bactérias só bombardeiam os pulmões se as defesas estão em baixa. Indivíduos internados costumam ter o sistema imune fragilizado e ficam mais expostos à migração desses microorganismos. Como a gente não sabe quando vai precisar de um hospital, convém conservar a boca em ordem.

Ter dentes saudáveis

Uma das consequências mais drásticas da doença periodontal e também da cárie, é a perda das unidades da arcada dentária. E o fio dental faz toda a diferença para preveni-la. Ele não exclui a escovação, e vice-versa. Ora a escova não alcança áreas aonde só a fita chega. Os micróbios que se apoderam dos dentes liberam substratos na cavidade bucal que comprometem a área de encaixe do dente com a gengiva. Se a placa bacteriana não for controlada e a infecção se alastrar para o periodonto (tecido que serve de amortecedor entre os dentes e o osso), a queda pode ser inevitável. O drama é que a gengivite difere de uma cárie quanto aos sintomas. Trata-se de um mal silencioso. Como não causa dor, o paciente deixa de ir ao consultório e a doença se espalha. Outros sinais alertam para a sua presença, como sangramento e retração na gengiva, abscessos e dentes moles.

Evitar o parto prematuro

O futuro mais imediato do bebê também depende de que a mãe seja uma adepta do fio, da escova e das visitas ao dentista. Para começo de conversa, as alterações hormonais da gravidez já deixam a gengiva mais vulnerável. Se a doença periodontal conquista seu espaço, a repercussão está longe de ficar restrita ao sorriso da gestante. O bebê pode nascer prematuro e abaixo do peso – o que é capaz de acarretar problemas de curto e médio prazo em seu pleno desenvolvimento. Isso acontece porque a inflamação crônica e algumas toxinas liberadas pelas bactérias bucais viajam pelo sangue e abalam a placenta. Para não prejudicar a saúde do bebê, o corpo da grávida entende que é melhor antecipar a saída dele. Por isso as gestantes com o problema tendem a apresentar a dilatação antes da hora. Esse dado só vem reforçar a importância e incluir o dentista no pré-natal. E o fio dental sempre.

Garantir um hálito saudável

Um dos traços mais marcantes da periodontite crônica se faz notar quando conversamos com uma de suas vítimas. Pois é, a doença que se aproveita da ausência do fio e da escova dá origem ao mau hálito. Devido à inflamação e à ação das bactérias na gengiva, ocorre decomposição de sangue e de células descamadas, o que libera o odor desagradável. Não se trata daquele bafo matutino, que passa depois de tomar o café e higienizar os dentes. Se isso não ocorre, é um aviso de que há algo em desequilíbrio no corpo. O cheiro da doença periodontal costuma ser constante, chega a ser sentido em uma distância razoável e, às vezes, nem com bala vai embora. E exige todo um tratamento para largar seu dono.

Fonte: mdemulher.abril.com.br