Olhe para o relógio e marque 40 segundos. Imagine que, ao final desse tempo, uma pessoa tirou deliberadamente a própria vida em alguma parte do mundo. Se você ficou alarmado, saiba que essa é a estatística oficial ao redor do planeta por dia. A cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio, o que representa 3 mil mortes a cada 24h. No Brasil, são 32 por dia, mais de um caso por hora. Em Bento Gonçalves, foram 14 suicídios e 118 tentativas no ano de 2015. Já em 2014, foram 13 casos, além de 144 tentativas.
Por conta de números preocupantes como esses, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, no Brasil, já considera como problema de saúde pública. E, para tentar evitar novos casos, surgiu a campanha “Setembro Amarelo”, que tem como objetivo conscientizar a população, alertando a respeito dessa realidade.
No Brasil, a campanha é realizada desde 2014, iniciado pelo Centro de Valorização a Vida (CVV), e conta com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O dia 10 de setembro também marca o dia mundial de prevenção ao suicídio.
Para o psiquiatra Aldo Junior Migliavacca, a campanha é importante para conscientizar as pessoas. “No passado, foi necessária a realização de movimentos como esse para alertar sobre os riscos do câncer e de doenças sexualmente transmissíveis. Com o suicídio não pode ser diferente”, afirma o especialista.
Assunto ainda é considerado tabu
Por se tratar de um assunto delicado, o suicídio ainda é tratado como tabu. Com o tema “falar é a melhor solução”, a campanha do Setembro Amarelo de 2016 tenta desconstruir esse mito, para que as pessoas tratem do assunto com a importância que ele necessita.
De acordo com Eliane Soares, membro da Comissão Nacional de Divulgação da campanha, e voluntária do CVV, falar abertamente é a única maneira de reduzir as estatísticas. É um assunto difícil de se tratar, por isso a iniciativa mundial do Setembro Amarelo. O objetivo é trazer a público o debate e esclarecer que suicídio é um problema mais comum do que se pensa, dá sinais e pode ser prevenido”, comenta.
De acordo com Migliavacca, é preciso estar atento a possíveis fatores de risco, o chamado comportamento suicida – que engloba pensamentos planos e tentativas. Segundo ele, aspectos psicológicos, como perdas recentes, histórico de abuso sexual, problemas familiares e determinadas condições clínicas podem contribuir. “Além disso, conflitos de identidade de gênero vêm aumentando o número de suicídios”, alerta.
Para ajudar na prevenção, o especialista recomenda que as pessoas ao redor busquem ajuda especializada o mais rápido possível. Além disso, é importante manter uma vigilância constante. “O mais importante é não ignorar a situação, fingir que nada está acontecendo. É preciso ouvir e tratar com respeito”, explica.
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