Escrevo, agora, direcionado ás pessoas que têm o artigo 5º em mente. Determina ele: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” E segue com seus LXXVIII incisos. A determinação de que “todos são iguais perante a lei” deve, no meu entender e deveria ser no de qualquer pessoa, aplicado a todos, em qualquer circunstância. Todavia, o que se tem visto no Brasil, notadamente da última década, é a máxima esdrúxula e tendenciosa que diz: “Aos amigos, tudo. Aos inimigos, os rigores da lei”. É nisso que reside o suprassumo da hipocrisia que campeia solta no Brasil.

Quiseram “aparecer”?
Falei sobre a hipocrisia no tópico anterior para mencionar o que aconteceu esta semana. Numa fantástica cena político-midiática, o Tribunal de Contas da União – que nunca passou de uma grande falácia, um reduto de políticos “indicados” para encher suas burras com um salário digno de marajás – reuniu-se publicamente para anunciar a não aprovação das contas do governo federal de 2014. Eles não têm poder algum para tomar qualquer atitude. Só que, desta vez, com “luzes, câmeras, ação” para aparecer – no pior sentido da palavra – ao Brasil. E a tal de “votação” durou nada mais que dezenove minutos. Claro, orquestrado para ser manchete dos jornais televisivos da noite, especialmente o decadente Jornal Nacional. Cobriram o Brasil das pessoas de mediana inteligência com uma imensa lona. E houve quem aplaudisse uma coisa dessas.

A realidade
O colunista de Zero Hora, Moisés Mendes, em sua coluna de sexta-feira, 9, colocou com maestria o que realmente aconteceu no TCU. Reproduzo o seu texto porque ele traduz, com perfeição, a realidade dos fatos. Escreveu Mendes: “O TCU submeteu seu trabalho a uma farsa. Pareceres de duas décadas atrás foram aprovados em agosto em poucos minutos, para que só assim as contas de Dilma pudessem ser votadas. Eram contabilidades de Itamar, FHC, Lula. E ainda faltam 12 processos. Os técnicos do TCU se dedicaram durante anos a analisar “pedaladas” (que antes eram consideradas “leves”) para orientar os ministros. E viram a Câmara fingir que votava todos os pareceres ao mesmo tempo, porque era preciso desobstruir a pauta para a articulação do golpe contra Dilma”.

E ele vai mais fundo…
Continua Mendes: “Enquanto se abria a porteira para o projeto golpista, esperei que os técnicos do TCU se rebelassem contra a farsa e saíssem em defesa do próprio trabalho e da instituição que os paga pela vigilância das contas públicas. Nada. Só obediência silenciosa. Dos ministros, nem falo, porque na quarta-feira eles nem abriram a boca”. Conclui Mendes: “Será que, ao contrário dos servidores do IPEA, os servidores do TCU temem hierarquias e represálias? Ou estaremos todos resignados com a subserviência do trabalho dito técnico ao que há de pior na política?”

O que não traduz os fatos?
Moisés Mendes foi fiel aos fatos. Ou alguém pode fazer algum reparo? Sim, pode. Os ANTIPT (partido que quer assumir o governo custe o que custar, mesmo que seja a estabilidade democrática do Brasil), que não estão “nem aí” para as consequências que já se fazem sentir na pele de todos os brasileiros, estão radiantes, felizes, comemorando (?). Quando escrevi várias vezes, há algum tempo, que o Brasil seria dividido em duas épocas, ou seja, APT (Antes do PT) e DPT (Depois do PT), não imaginei que chegássemos a isso. Já pensaram se o povo brasileiro tomar consciência e exigir o mesmo tratamento a todos de parte da polícia federal, ministério público e da justiça? As pessoas de ética, moral e honestidade não seletivos sentir-se-iam bem melhor e o País seria respeitado. E o artº 5º da Constituição igual para todos.