Após mais de uma década depois que o Estado assumiu a responsabilidade pela então BR-470 – hoje RSC-470 –, parece que a tão sonhada federalização da rodovia ainda vai demorar. Ao menos seis meses, pelo que estima o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Pedro Luzardo Gomes, mesmo que, em Brasília, o departamento garanta que não trabalha com um cronograma definido.

Isso acontece porque, depois que finalmente a região comemorou o anúncio de uma demanda perseguida pelo menos desde 2005, quando, em Porto Alegre, o ministro dos Transportes, César Borges, garantiu que a União vai se responsabilizar pela estrada, hoje uma das mais importantes e perigosas da região. O que ocorre é que o processo depende agora da finalização de uma vistoria patrimonial realizada pelo departamento, que ainda está em greve.

Assumida pelo Estado em dezembro de 2002, depois que o então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso assinou a Medida Provisória nº 82, que repassou 14,5 mil quilômetros de rodovias federais a estados da União – entre elas, cerca de 1,8 mil quilômetros no Rio Grande do Sul –, a RSC-470 passa, desde lá, por problemas constantes de manutenção, e adiamentos de projetos de qualificação da rodovia, como a tão esperada e necessária duplicação – inclusive, os recursos repassados à época pelo governo federal, foram utilizados para diversas finalidades, menos para a manutenção e a conservação das rodovias.

Em mais de uma década, a rodovia foi palco de tragédias que ceifaram vidas e deixaram feridos e prejuízos materiais acumulados ano após ano. Agora, com a iminente adesão ao Sistema Viário Nacional, as esperanças da Serra Gaúcha em ver a rodovia duplicada voltam a ganhar força. Com a federalização do restante da rodovia, em todo o território gaúcho, as autoridades acreditam que será possível pleitear recursos que viabilizem projetos do governo federal capazes de transformar a atual realidade da RSC-470 e possibilitar melhores condições de transporte e segurança para os usuários. A partir da definição da federalização, voltam à pauta as reivindicações pelo recapeamento da rodovia e do asfaltamento nos trechos ainda inexistentes, a duplicação de trechos urbanos e da Serra das Antas, construção de trevos, pontes e viadutos.

A campanha pela federalização da RSC-470 ganha neste momento uma nova dimensão, fortalecida pela ordem de serviço para a duplicação da estrada no trecho que passa em Santa Catarina. O que a Serra espera é agilidade dos órgãos competentes e vontade política do governo para, mais que assinar um decreto e transformar a malfadada RSC finalmente em BR, garantir a recuperação e soluções definitivas para os trechos mais perigosos e iniciar a necessária duplicação.

Pode demorar seis meses, pode demorar ainda mais, mas o que o governo central precisa ter claro é que a Serra não pode mais esperar.