Antes que o tempo a apague da memória, até que surja a próxima quero falar da ExpoBento. Para um empreendimento de tamanho nível e qualidade, não se pode festejar a presença de um público de 200 mil pessoas, é muito pouco. Leve-se em conta o aporte considerável de verba da municipalidade, paralelo ao que não se viu nem distribuição gratuita de ingressos a carentes, não se viu relativo retorno promocional no campo do turismo e lazer. É uma feira em que os comerciantes pagam o espaço, pagam caro, e tratam, durante o evento, de vender o máximo possível para se ressarcir dos custos, sem nenhuma vantagem de descontos ao público consumidor.

Então o que se vê é uma massa humana circulando pelo corredor sem olhar para os lados, sem se deter, em sua grande maioria, no que é exposto, sem interesse em comprar. Isso faz com que se ouça gente lamentando e apontar para a desistência de expor no próximo evento. Pagar-se R$ 10 por 1/3 de copo de champanha é demasiado. Comprar-se laticínios, ou embutidos, sem ver claramente o licenciamento da vigilância sanitária, inibe. Adentrar ao banheiro e verificar que faltam toalhas de papel é desagradável e põe em cheque a validade do ingresso cobrado. Verificar-se, no entorno dos pavilhões, o estado de abandono de calçadas e embelezamento é deplorável, era, e não é mais, um belíssimo parque público.

Verificar-se, no palco de apresentações artísticas, crianças se apresentando continuadamente, com pessoas se chegando cada vez mais sem ver um banner indicativo de quem estava ali se apresentando é falta de sensibilidade. Verificar-se que, nem mesmo num evento de tamanha magnitude, foi dada a atenção que deveria ser dada a mobilidade urbana, com engarrafamento desestimulantes à presença em próximas edições, algumas providências atenuantes do problema não foram tomadas. Verificar-se a existência de um policiamento fixo, inflexível, com roubos de veículos a poucos passos dele, também suscitou lamentos. Verificou-se que a praça de alimentação foi, mais uma vez, deficiente.

Viu-se um restaurante Canta Maria, de qualidade e atendimento internacionais, instalado num ambiente simples, pouco aconchegante e nada tendo a ver com o charme dos ambiente das casas dos Geremia espalhadas pelo estado com extraordinário sucesso. As novidades introduzidas pela ExpoBento, através de Gourmets foram para um seleto público, uma inovação aplaudida mas que não provocou grandes efeitos a não ser promocionais. A ExpoBento está muito fundamentalista, tem pouca leveza, lhe falta alegria, animação nos corredores, nem a Banda se viu tocar, o governador veio visitá-la em regime de segredo de Justiça, com sisudez, nada tendo a ver com governadores abertos, populares, simpáticos, destes que tem a missão também de suavizar as dores e angustias da população diante da crise, postura que Lula está pedindo que Dilma assuma e ela não assume.

Quanto formalismo, eu sinto falta de um Brizola, de um Meneghetti, de um Perachi, de um Darcy Pozza com seu chapeuzinho surrado andando pelas ruas parando de pessoa em pessoa. O povo precisa de carinho, de amparos, de conforto, as crianças precisam de motivação para ir a uma ExpoBento, querem mais do que um Jump-Trampolim, querem alegria se não tiver isso não querem mais que os pais a levem àquele lugar. Mais uma coisa que eu não gostei na ExpoBento, aquela galeria da Imigração, levada efeito pelo Centro de Cultura Italiana. A Galeria tem grandes méritos, ela perpetua nossa memória mas mistura mortos e vivos, é notória a inclusão nela de pessoas que pouco fizeram pela comunidade, outras de comportamento social que as impediria de estar ali em meio a verdadeiros construtores de nosso município. É notório que a influencia política determinou aquela misturama.

Talvez essa seja a razão de que, ao pé de cada quadro não tenha sido colocado um pequeno currículo e sim apenas o nome. A Galeria estava sempre vazia pois foi colocada no lugar errado, não havia uma recepcionista ou historiadores, coisa que não falta por aqui, para explicar à população e visitantes quem eram verdadeiramente aquelas pessoas e sua importância para o município. Tão importante quanto o que estava ali seria colocar-se, junto, a Galeria dos ex-prefeitos de Bento, onde está?, quem tem acesso a ela?. Somos um município tão grandioso que deveríamos estar mostrando tudo isso, de sala de aula em sala de aula, através de um museu de imagem e som, itinerante. Eu queria enfim, mais da Expobento, mas querer é uma coisa poder é outra. Poderia falar mais mas concluo que gostei de ver a ExpoBento exibindo indústrias com produtos e tecnologia de ponta. De resto vesti gala para ir a uma festa, não encontrei champanha e vinhos baratos, comi meus tortéis de abóbora de qualidade internacional, vi lindas flores, que me deleitaram, de resto, busquei motivação para voltar na próxima, ano que vem. Que venha pois o evento é importantíssimo para o município mesmo padronizado demais, o que facilita sua perfeita organização. Parabéns ao CIC e às pessoas que a conduziram, trabalho comunitário a gente não critica, faz análises construtivas, espero ter feito, são poucos os “moicanos” que se doam por aqui, parece ser uma raça em extinção. Em tempo: nos livramos (nós colorados) do helicóptero sobre nossas cabeças na ExpoBento. Vamos nos livrar do Tigres.