Bento-gonçalvense, Eduardo Lazzarini, é o primeiro da fila para receber um pulmão no Rio Grande do Sul; mês de setembro reforça a importância da doação de órgãos

Com uma rotina intensa de cuidados e procedimentos médicos, o bento-gonçalvense Eduardo Lazzarini, de 30 anos, segue na luta enquanto aguarda o maior presente dos últimos tempos: um doador compatível. Desde os três anos de idade, o rapaz foi diagnosticado com fibrose cística, uma doença genética, crônica e progressiva, que acaba afetando diversos órgãos do corpo. Ele é o primeiro paciente na fila de espera por um pulão em todo o Rio Grande do Sul. Para amenizar os sintomas, Lazzarini está internado há cerca de dois meses no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, onde recebe tratamento médico e segue ligado a um aparelho de oxigênio para amenizar as dificuldades ao respirar.

Para minimizar os problemas provocados pela fibrose, o bento-gonçalvense realiza fisioterapia e exercícios respiratórios que auxiliam na eliminação de secreções que são produzidas pelos pulmões. Além disso, pelo menos três vezes ao dia, ele realiza nebulizações. Tudo isso precisou ser introduzido em sua rotina, uma vez que a doença, por ser crônica e progressiva, acabou complicando seu quadro clínico, uma vez que a capacidade respiratória vai se reduzindo com o tempo.

E por falar em tempo, Lazzarini corre contra ele. Afinal, a espera é árdua e longa. Com a pandemia de covid-19, o número de doadores de órgãos caiu pela metade. Além disso, a falta de diálogo entre o doador e a família também é um empecilho na hora da decisão em realizar esse ato de amor ao próximo, já que para realizar a doação, é necessário informar aos familiares sobre o desejo.

Enquanto a vez de Lazzarini não chega, o rapaz não perde a esperança e segue confiante. Inclusive, já almeja realizar algumas atividades que até então estão impossibilitadas de serem realizadas. “Eu sei que depois do transplante minha vida vai mudar bastante. Vou voltar há anos atrás, quando eu tinha fôlego para respirar melhor, caminhar. Não preciso muito mais do que isso. São coisas simples, como estar perto dos amigos, estudar, trabalhar. Isso já será uma vitória”, descreve. “É importante lembrar que cada pessoa pode salvar até oito vidas. Eu sei que é um momento de luto, perda de uma pessoa querida. Mas na dúvida, diga sim. Não é um assunto tão bom de conversar, mas diga para sua família que é doadora de órgãos. Quem receber esses órgãos vai renovar as energias e continuar com a esperança de realizar os próprios sonhos”, completa Lazzarini.

Em 2021, apenas 10 transplantes de pulmão realizados no RS

Com a pandemia de covid-19, os transplantes de pulmão caíram quase pela metade entre 2020 e 2021, registrando diminuição de 47,3%. No ano passado, de janeiro a agosto foram 19 procedimentos realizados. Neste ano, no mesmo período, o número chega a 10.

Vários problemas dificultam o andamento dessa fila. Um deles é o menor número de doadores durante a pandemia: pacientes que morreram de Covid-19 não podem doar órgãos. Além disso, a ocupação dos hospitais por esses pacientes também atrasou os procedimentos, já que os hospitais precisaram dividir as áreas com Covid-19 e sem, para fazer com segurança as cirurgias.

No ano passado, de acordo com a Central Estadual de Transplantes (CET), o número total de doações de pulmão chegou a 23. Atualmente, 105 pacientes considerados receptores ativos aguardam por uma nova chance e outros cinco, chamados de semi-ativos também seguem na luta.

Foto: Arquivo Pessoal