Vivemos um momento histórico de projeção nacional do que somos hoje. Porém não podemos deixar de lado o momento histórico onde desenrolou-se a evolução industrial. A região colonial se insere em um contexto amplo de alterações vivenciadas pelo país a partir da segunda metade do século XIX (19), período em que o imigrante europeu aportava no Brasil. O encaminhamento do sistema capitalista, isto é, ampliação do mercado consumidor e das necessidades a serem supridas por este, abria espaços que podiam ser preenchidos por atividades econômicas diversas. O grande triunfo do imigrante e seus descendentes, depois de muita luta obstinada, foi saber preencher com muita competência esses espaços.

Tanto que, para o historiador gaúcho Décio Freitas, a Revolução Farroupilha não teve a importância que os tradicionalistas lhe conferem, pois ela pouco mudou de substancial na ordem econômica e social gaúcha. “Foi essa massa de camponeses italianos e também alemães e poloneses que realizaram sem tiros e sem barulho, a única revolução de verdade que o Rio Grande do Sul conheceu…”

Com o imigrante, iniciou-se aqui uma economia camponesa fundamentada na pequena propriedade individual e no trabalho de produtores independentes. “Rapidamente essa forma de produção se tornou dominante na economia gaúcha originando um processo de industrialização que conferiu a hegemonia a descendentes de imigrantes”, complementa o historiador Freitas.
De fato, ao se olhar a história do desenvolvimento das colônias italianas no Estado se constata que um dos seus segredos encontrava-se não nas grandes indústrias, mas em oficinas, em pequenas empresas de proporções familiares, dentro de um regime agrário de pequenas propriedades, onde eram raros os peões. Hoje, contudo, passados mais de 130 anos, o imigrante encontra-se outra vez ante a ameaça da proletarização. “As grandes indústrias, a concentração urbana, as divisões sofridas pela pequena propriedade destruíram definitivamente a crença de que é possível trabalhar no seu próprio trabalho”.

“O cultivo da videira e a produção de vinho foram o embrião do desenvolvimento da região povoada pelos imigrantes italianos. E continuam sendo um traço de identidade econômica e cultural.” Hoje, as cidades da região formaram o mais importante pólo econômico do interior do Estado e um dos principais do país. Indústrias de porte em setores tão diversificados predominaram diante da produção agrícola em empresas artesanais dos primeiros tempos. Mas em todas elas esta presente a marca cultural de muita fé e esforço para superar as dificuldades.

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