Juro que não aconteceu comigo! Até porque abomino dietas, com suas fichinhas, pontinhos, tabelas, cálculos, restrições e promessas. Se bem que, de vez em quando, caio na tentação de pôr a mão num livro que aborde o tema de forma diferente…

O penúltimo que comprei jaz na prateleira, com as páginas do segundo capítulo em diante ainda grudadas. Perdi o interesse quando cheguei às tarefas. A primeira incluía a reunião de dois conjuntos de cartões, caderno, balança digital, papel milimetrado, caixas de diferentes tamanhos e outros materiais que não vou citar porque não virei a folha. Afinal a proposta era ensinar a “Pensar Magro” ou desenvolver a coordenação motora dos gordinhos?!

Então troquei a leitura daquela encrenca pelo “Textículos de Ary Toledo”. Valeu a pena, pois ri durante o ano inteiro, antes de dormir. Na verdade, eram menos que 365 piadas, mas como minha memória não é lá aquelas coisas, eu retomava alguns textos que já estavam no limbo. E ria de novo.

Durante a Feira do Livro do ano passado, fui tentada pelo mais recente lançamento sobre o assunto. Eu e minha neta percorríamos os estandes à procura de livros infantis que a interessassem, quando, de repente, ambas pusemos os olhos no livreto de capa vermelha com um ângulo amarelo e letras grandes e redondas bem sugestivas, de Flávio Gikovate.

-Compra esse, vó!

Olhei para a baixinha solidária, olhei para o livro insinuante, olhei para o futuro promissor… Como resistir aos apelos? Então comprei a obra e garanti à minha neta que, ao fim da leitura, estaria magra.
-Vóóóóó! – que significava, “pensa que está falando com quem?”.

É evidente que ela não imaginava que eu demoraria um século para ler 140 páginas, tempo suficiente para perder todos os pneus. Mas, na verdade, a única coisa que perdi até agora foi a vontade de sacrificar o sono pra concluir a leitura.

Olha só! Entrei em tantos labirintos que acabei me distanciando da proposição inicial: a dieta da qual não fui protagonista.

O personagem envolvido tem uns 20 anos e alguns quilinhos de estepe, nada assim que exija ações radicais, mas sabe como é jovem! “Jovem é outro papo!” Quando põe uma ideia na cabeça, não há argumento que o faça reconsiderar. E a ideia era: mudança total.

Então nosso amigo aproveitou os derradeiros dias de 2015 para se empanturrar de M&M’s e coca-cola, que, segundo ele, são seus únicos vícios. E prometeu adentrar 2016 com a tal dieta tirada da internet. Dito e feito! Gastou metade do salário para equipar a despensa com chás, cereais, farelos e outras comidas de passarinho…

Os primeiros dias da semana foram relativamente tranquilos, até que, na sexta, o cara teve um piripaque ao conferir o cardápio do jantar: uma fatia de pão preto e chá de boldo. A dor de cabeça virou enxaqueca, e ele, quase cego de dor, deu um grito que chegou a trincar o vidro da cristaleira. Em seguida digitou alguma coisa no celular.

Quinze minutos depois, bateram à porta de sua casa. Era o motoboy com uma pizza gigante e dois litros de coca-cola. A cefaleia? Foi pro espaço junto com a dieta.