Onde estão os líderes?

A primeira grande constatação foi de que a OMS esteve errada no começo e que realmente o corona vírus era mais complicado do que a China fez crer ao mundo.

A segunda foi que deveríamos “achatar a curva” para não comprometer o sistema de saúde.

Não fizeram nada no Carnaval mas, no final de março, se assustaram e começaram a gritar aos quatro ventos “fique em casa”. Para que os hospitais não ficassem superlotados e pessoas morressem sem cuidados médicos. OK.

100 dias depois, sabemos que estamos em guerra.

Bem, numa guerra, os comandantes tem duas escolhas próprias a fazer:

  1. Ou enfrentar de frente o inimigo indo ao campo de batalha junto ou na frente dos soldados, com todas as forças, com estratégia e determinação, morrendo se for preciso mas lutando, ou;
  2. Ficar na retaguarda, enviar os soldados ao campo de batalha e, enquanto os soldados morrem, dizer faça isso, mude aquilo, precisamos disso, façam as coisas acontecerem, ganhem a batalha e a guerra.

Nessa guerra, que talvez não tenham vencedores, só vencidos, você sabe definir qual foi a escolha do governo do RS?

Parece-me que foi a segunda. Decretos e decretos foram sendo escritos, até com objetivo louvável, dizendo façam isto, façam aquilo, fechem isso, fechem aquilo, fiquem em casa, você pode, você não pode, bandeira daqui, bandeira de lá. A caneta foi usada até faltar tinta.

“O governo estadual terceirizou a responsabilidade para os prefeitos e para o povo”

O governo terceirizou a responsabilidade para os prefeitos e para o povo. Do palácio Piratini saem mensagens aos quatro cantos do estado para fazer isso e fazer aquilo e, agora, ai de quem não fizer a coisa certa. Cadeia neles.

O povo pode ser multado ou até preso. Empresários multados e até presos, se for preciso. Prefeitos cobrados e presos, se for preciso.

Pergunto ao governo do estado:

– Quantos leitos de UTI vocês construíram?

– Quantas máscaras compraram e enviaram aos municípios?

– Quantas vezes o governador veio até a serra ver como estavam as coisas? Quantas vezes veio a Bento, foi a Caxias, a Bagé, a Passo Fundo, a Lajeado, a Uruguaiana?

– Quantos hospitais foram construídos com dinheiro do estado?

– Quantos recursos foram enviados a hospitais, médicos e enfermeiros?

– Quantos respiradores compraram?

– Quantas cestas básicas doaram?

– Quantos testes foram pagos?

Passaram-se 100 dias desde o começo da guerra e, prefeitos e povo, andam sozinhos pois a eles coube tudo. O fardo ficou com a sociedade enquanto a caneta andava solta no Palácio de Porto Alegre.

E o dinheiro federal chegou ao estado. E ainda se queixam que foi pouco. Ganhar o pão com o próprio suor é bem mais difícil do que receber dinheiro do governo federal.

Foi o povo, a sociedade civil, entidades, prefeitos, empresários, hospitais, igrejas, voluntários, legislativos, judiciários, etc, que construíram leitos, doaram máscaras, compraram respiradores, doaram cestas básicas, aumentaram leitos de UTIs.

Se era para achatar a curva para aumentar a estrutura hospitalar, o que o governo do estado construiu até agora? O espaço está livre para contribuições.

E chegou o inverno.

Numa guerra, um comandante tem que dar o exemplo. Muitos prefeitos e o povo estão dando exemplo. Lutando contra tudo e contra todos para preservar vidas, empregos e suas próprias vidas.

Uma caneta não pode nunca substituir o exemplo num governante.

Pensemos nisso, saúde e sucesso.