No lote rural do colono italiano, a própria família executava todas as tarefas, muito raramente utilizando o serviço de empregados, especialmente domésticos.
A autoridade do pai como verdadeiro patriarca, acatava sem restrições mesmo pelos filhos homens, que após o casamento permaneciam com as respectivas famílias na casa paterna. Segundo a ótica da sociedade da imigração italiana, pais, filhos e netos formavam apenas uma família: as filhas, após o casamento, passavam a fazer parte da família do marido.
A organização dos espaços diverge no Brasil daquela adotada na Europa, nas instalações residenciais rurais, lá geralmente aglutinadas numa única edificação e aqui desmembradas segundo as diferentes funções.
No velho continente havia também a necessidade de reduzir a ocupação da terra com edificação para economizar solo arável. ” Uma paródia à propaganda fascista de racionalização do uso de terras dizia que Mussolini aumentara as áreas de cultivo plantando os “bigolli” dentro dos furos dos “macarrões”.

Já a extensão relativa das terras do imigrante no Rio Grande do Sul não levava a preocupar-se em economia do solo na implantação de sua arquitetura.
Primitivamente, nas próprias cidades, não se concebia outro sistema que a habilitação familiar. Tanto que quando surgiram os prédios de apartamentos, tal se deve à imposição do crescimento urbano, e seus ocupantes iniciais foram sobretudo luso-brasileiros radicados na região colonial em situações não permanentes.
A casa do imigrante italiano veio oferecer o ponto de apoio para um modo de vida e constituía-se unicamente de elementos relacionados como o meio e com a atividade agrícola autônoma e permanente. Assim a casa constituiu o volume principal, tanto pelas proporções quanto pelo esmero na construção. Muito raramente apresentava só um piso, sendo mais comum três e até quatro pavimentos.

TER UMA CASA E TERRA PARA MORAR ERA UMA ESTIMA E UMA HONRA PARA O IMIGRANTE:
” No Brasil não há patrões
Cada um é patrão de si
Em sua casa o colono manda
E se considera como um rei.”