Além dos problemas ocasionados na queda da qualidade e na diminuição da oferta de prestação de serviços públicos em Bento Gonçalves, a falta de recursos em caixa da prefeitura começa a cobrar seu alto preço na impossibilidade de executar projetos já aprovados. Perda de recursos para a execução de obras começa a se tornar rotina na Capital do Vinho, e a crise financeira ameaça novas obras a não saírem do papel.

Esta semana, o secretário de gestão e Mobilidade Urbana do município, Mauro Moro, afirmou na Câmara de Vereadores que os projetos que pretendem modificar o cenário do trânsito na cidade e que serão realizados a partir de um financiamento, já aprovado pela Caixa Econômica Federal, de cerca de R$ 50 milhões, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, só deverão se transformar em obras em 2014.

Isso porque o governo municipal não tem recursos para as contrapartidas, calculadas em torno dos R$ 5 milhões. Além disso, a administração pena para conseguir os R$ 414 mil necessários para a elaboração dos projetos executivos. Não há caixa.

A realização dos projetos, definidos em 2011 e redimensionados agora, são fundamentais para o futuro da cidade. Eles contemplam desde a abertura e a manutenção de ruas, modernização de semáforos, rótulas e outros investimentos. Sem recursos, a prefeitura promete que as obras iniciarão em 2014. Uma das prioridades será a criação de uma ligação entre as zonas leste e sul, chamado de Corredor Moveleiro, cujas obras beneficiariam, também, o tráfego da produção moveleira, para facilitar a chegada de insumos e o escoamento da produção de móveis, entre o Vale dos Vinhedos e a região dos bairros Botafogo e Santa Marta. A implantação de um novo acesso à cidade pela ERS-444 também está nos planos da secretaria.

Outras obras serão realizadas em ligações entre bairros, como no acesso ao São Roque, um dos bairros mais populosos da cidade. A intenção, segundo o secretário, é melhorar as vias para incentivar o transporte coletivo. Em alguns casos, será necessária a desapropriação de moradias para alargamento de ruas e calçadas, e o período de execução das obras será de até três anos.

Mas, para garantir que as obras saiam do papel no próximo ano, ainda há etapas a superar. Uma delas é a ameaça de que, caso o município feche as contas no vermelho, o financiamento possa ser cortado. A prefeitura de Bento Gonçalves já está autorizada pelo Legislativo a contratar o financiamento e pretende finalizar a documentação junto à Caixa até o final do ano para, então, lançar as licitações.

Mas será preciso economizar, porque a ameaça das contas é real e iminente. Como a arrecadação até agora ficou aquém das expectativas do governo no primeiro semestre, será preciso apertar ainda mais o cinto.