Escrevi nesse espaço durante o ano passado que as previsões finais para as contas públicas apresentariam números alarmantes e foi o que se concretizou.

No primeiro semestre do ano coloquei que a nova matriz econômica do governo federal focava muito mais no aumento das receitas do que na redução das despesas, o que sempre é o que se espera mais em governos de esquerda do que de liberais, pois, normalmente, governos mais estatizantes como o atual preza pela expansão dos gastos públicos em diversas formas, na maioria das vezes se preocupando pouco com o controle do déficit, se preocupando pouco com o controle das contas.

Independentemente da causa, pois explicações sempre vão aparecer (sempre aparecem seja qual for o governo de plantão), déficit público pequeno já é problema, imagina um grande rombo de R$ 230,5 bilhões, divulgado essa semana, que 2,1% do PIB brasileiro, o segundo maior da história ficando atrás somente do ano de 2020 com a atuação do governo federal largando dinheiro a toda economia, especialmente a governos estaduais, no enfrentamento da pandemia da Covid.

Esse déficit é primário, ou seja, sem ainda contar com o pagamento dos juros da dívida que eleva ainda mais esse problema e empurra para o futuro problemas de difícil solução.

O déficit primário resulta de um forte aumento da despesa, combinado a uma queda na receita. No acumulado até dezembro, a receita líquida, após transferências constitucionais, caiu 2,2% em termos reais (já descontada a inflação). Enquanto isso, o gasto público aumentou 12,5%.

Parte do resultado se deve ao pagamento antecipado de precatórios. Sem contar essa questão, o saldo negativo seria de R$ 138,1 bilhões – o pior desde 2019, sem contar o ano da pandemia.

E você pode se perguntar: e eu com isso?

Déficit público gera mais pressão sobre os juros futuros que o governo federal paga sobre a dívida pública total elevando o custo do dinheiro, aumentando mais ainda os gastos futuros e causando pressão sobre a inflação

Para controlar a inflação, um dos maiores males que uma economia pode ter porque reduz o poder de compra da população, os bancos centrais são forçados a manter os juros altos, o que reduz os investimentos em serviços ou em obras para a melhoria da vida da população.

Pode-se até reduzir os juros se a inflação estiver contida mas, nesse cenário, a única forma de conter a inflação é com recessão ou redução da atividade econômica, o que também não é bom.

Ou seja, tudo a ver com você e todos nós pois somos afetados diretamente nos preços, na recessão, na geração de emprego e redução dos investimentos.

Se ainda forem reduzidos os precatórios e os repasses do governo federal aos governos estaduais pela isenção de impostos nos combustíveis, o DÉFICIT SERIA DE R$ 117,2 bilhões, ou 1,1% do PIB. Em 2022, último ano do governo liberal, as contas fecharam positivas em R$ 59,7 bilhões.

Sendo assim, esse primeiro ano da nova-velha gestão federal na economia ficou pior que as previsões. O pior é que a promessa do ministro da fazenda, para 2024, de déficit zero dificilmente será concretizada.

O baixo crescimento esperado para esse ano aliado ao aumento de arrecadação que o governo federal quer colocar ao mercado sugerem grandes desafios pela frente.

Pense nisso e sucesso.