A falta de novas oportunidades de emprego e o fechamento de milhares de postos de trabalho país afora devem ser encaradas como a nossa pandemia nacional. São milhões de brasileiros que estão ficando sem trabalho, por extensão sem dinheiro, e não há perspectivas de que setores significativos para a economia nacional se recuperem a curto prazo.
Aos dados!
Analistas do centro do país preveem que até o final de 2020 o desemprego, no Brasil, deve alcançar os maiores índices dos últimos 25 anos, podendo chegar a uma pessoa sem trabalho a cada quatro brasileiros.
No começo desta semana o Ministério da Economia divulgou que 2,3 milhões de pessoas encaminharam pedidos de seguro-desemprego nos quatro primeiros meses deste ano.
Só em abril, o número requerido para seguro-desemprego é 22,1% maior que o mesmo mês do ano passado segundo a mesma nota do Ministério da Economia, e 22,7% maior de acordo com a Agência Brasil.
O pais fechou 2019 com 11,6 milhões de desempregados, uma taxa de 10,6%. Quatro meses depois alcançou cerca de 14%, e estudos da Fundação Getúlio Vargas projetam que até o final do semestre pode chegar aos 16%, ou algo como 17 milhões de pessoas sem emprego e renda no país.
Isso é alarmante.
Em Bento Gonçalves, por exemplo, como mostra reportagem nesta edição, o número de pedidos de seguro-desemprego subiu 24,65% nos últimos 60 dias em relação a março e abril de 2019. São 1 mil pedidos encaminhados.
Os governos – municipal, estadual e federal – precisam urgentemente olharem para este viés da pandemia provocada pelo coronavírus. Óbvio que cuidar da saúde deve ser uma prioridade, mas atentar às questões econômicas e financeiras projetando alternativas para superar a crise é uma obrigação dos gestores públicos.
No Planalto, há cerca de um mês, falou-se na liberação de vários milhões para investimentos em obras públicas – novas e iniciadas e não acabadas que seriam agora retomadas – e financiamentos para a construção civil para ocupar mão de obra.
Entretanto, não basta apenas falar.
Caso contrário a economia vai parar na UTI, ao lado do coronavírus.