Com apenas 24 bolsas de sangue tipo O+ Hemocs alerta para a conscientização e luta pela vida
No coração da Serra Gaúcha, o Hemocentro de Caxias do Sul (Hemocs) desempenha um papel vital no atendimento de emergências médicas e no tratamento de pacientes com condições que requerem transfusões de sangue. Com uma estrutura de 1.921 m² localizada na Rua Ernesto Alves, 2260, junto à Secretaria de Saúde, o Hemocs opera em benefício de 48 municípios, abrangendo uma população de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas.
Em entrevista, o diretor técnico do Hemocs, Roque Domingos Lorandi, e as assistentes sociais Roberta Andressa Girardello Rizzon e Clarice Ferreira da Rosa, destacaram os desafios, processos e a importância da doação de sangue, especialmente no final do ano, quando os estoques atingem níveis críticos.
O ciclo do sangue: doação e processamento
O processo de doação começa com a recepção do doador, seguida por uma triagem inicial para verificação de sinais vitais e uma entrevista com profissionais de saúde. Após a coleta, que dura cerca de 35 minutos, o sangue passa por um rigoroso processo de triagem nos laboratórios do Hemocs e do Hemosc (Santa Catarina).
As bolsas coletadas são transformadas em diferentes hemocomponentes, como hemácias, plaquetas e plasma, e distribuídas para hospitais da região, atendendo a demandas do SUS. Segundo Lorandi, “o sangue é um tratamento que não está disponível na farmácia, e sua doação literalmente salva vidas”, destaca.
Além da coleta e processamento, o Hemocs realiza sangrias terapêuticas, transfusões eletivas e atende portadores de coagulopatias. Sua capacidade diária de coleta é de 50 doadores, embora a demanda oscile conforme campanhas e sazonalidades. “A média é de 40 pessoas utilizarem o Hemocentro ao dia, isso gira entre doações, consultas e procedimentos. A capacidade nominal de coletas é em torno de 50 indivíduos, mas o número de coletas varia muito conforme o dia, presença de feriados e campanhas, tendo momentos com mais de 80 coletas diárias”, explica Lorandi.
Muitas pessoas não sabem, mas grupos interessados podem agendar visitas guiadas ao Hemocentro, para conhecer as estruturas e como é o trabalho diário na instituição, proporcionando maior conscientização sobre o funcionamento e a importância do serviço.
O processo de doação: do acolhimento à coleta
A jornada de um doador no Hemocs é organizada para ser simples e eficiente. Após agendar previamente ou comparecer espontaneamente, o doador passa pela recepção para checagem de documentos, segue para a pré-triagem para verificação de sinais vitais e, posteriormente, responde a uma entrevista com um profissional de saúde. Estando apto, é direcionado à sala de coleta, onde a doação é realizada, encerrando com um lanche. “Cada doação é um gesto de solidariedade e responsabilidade social que salva vidas, seja de pacientes em cirurgias, pessoas com câncer ou vítimas de acidentes”, explica Lorandi.
Existem diversos critérios para uma pessoa se tornar doadora. Entre eles, destaca-se a necessidade de o candidato estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos (menores com autorização dos responsáveis) e pesar mais de 50 kg. Antes e depois da doação, cuidados básicos, como evitar esforços físicos e monitorar qualquer sintoma, são essenciais.
A queda nos estoques de sangue é um desafio recorrente no Hemocs, agravado no final do ano pela sazonalidade. Segundo Roberta Andressa Girardello Rizzon, assistente social, o período de férias e datas comemorativas afasta os doadores regulares. “Esse distanciamento é um fenômeno que precisamos combater com campanhas mais intensas e ações externas”, explica.
Atualmente, o estoque de bolsas de sangue do tipo O+, por exemplo, está bem abaixo do ideal. Enquanto seriam necessárias 105 bolsas, há apenas 24 disponíveis. Roberta alertaque o pilar fundamental é a conscientização. “A conscientização deve ser constante. Pequenas ações, como compartilhar informações corretas e incentivar familiares e amigos, fazem a diferença e podem salvar muitas vidas”, pondera.
Para se ter ideia, uma bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas. Isso porque o sangue pode ser dividido em componentes, como plasma, plaquetas, concentrado de hemácias e CRIO (crioprecipitado), que podem ser utilizados para salvar vidas diferentes.
Clarice, também assistente social do Hemocs, ressalta a importância do engajamento da comunidade. “A participação da comunidade é de vital importância quando falamos em doação de sangue. Mesmo quem não pode ser um doador direto, pode tornar-se um incentivador dessa causa. Ações simples como conversar sobre a permanente necessidade de sangue para diversos procedimentos e compartilhar informações corretas sobre o processo de doação são de extrema valia. Doar sangue é um ato de cidadania e diz respeito a todos nós”, destaca.
Parcerias com empresas, escolas e organizações filantrópicas são fundamentais para ampliar a conscientização. Grupos organizados podem visitar o Hemocentro e conhecer sua estrutura por meio de agendamentos com o serviço social.
O Hemocs trabalha continuamente para superar essa sazonalidade com campanhas educativas, coletas externas em municípios parceiros e ações em redes sociais. Parcerias com empresas, escolas e organizações também têm um papel importante na captação de doadores.
Clarice reforça que “mesmo quem não pode doar pode contribuir divulgando a importância da causa”, diz. O Hemocs encoraja a comunidade a agir em prol de uma causa que salva vidas, seja doando sangue ou incentivando amigos e familiares.
Para agendar uma doação ou esclarecer dúvidas, o Hemocs disponibiliza atendimento pelo WhatsApp (54) 98418-8487 ou pelo telefone (54) 3290-4580.
No dia 25 de novembro, Dia Nacional do Doador de Sangue, o Hemocs celebra os heróis que, com um gesto simples, fazem a diferença entre a vida e a morte para milhares de pessoas. Seja você também um elo dessa corrente de solidariedade.