Mulher: célebre inspiração para obras de arte, tema de músicas e poemas. Da Vinci pintou, Jobim cantou, Drummond poetizou. Musa para filmes e livros. Já na Bíblia, em Gênesis, afirmou-se que a mulher fora extraída da costela do homem, ou seja, nem abaixo nem acima, mas ao lado, que é o lugar onde a mulher deve estar. Contudo, mesmo com toda a romantização do poder e valor da mulher, na realidade, não é isso que prevalece, principalmente em culturas orientais.

A data de 08 de março, conhecida mundialmente, faz com que recebamos flores, bombons, fôramos convidadas a jantar fora. No entanto, o objetivo não é enaltecer a figura feminina, mas provocar uma reflexão acerca do abismo entre os gêneros que ainda existe na sociedade e que, mais do que presentes, busca a igualdade e a valorização da mulher.

A data celebrada há mais de um século teve origem diante de tempos de luta, reivindicações políticas e trabalhistas, greves e protestos em um movimento de operárias na virada do século 19 para o 20. Hoje, ainda representa uma reivindicação por direitos igualitários entre mulheres e homens, já que, em muitas sociedades, a mulher ainda não tem direito à educação, ao trabalho, ao poder de decisão sobre o matrimônio, ao voto, a decisões políticas, à habilitação para dirigir e por aí vai. Exemplo disso é a jovem paquistanesa Malala Yousafzai que ficou internacionalmente conhecida por seu ativismo em defesa do direito das mulheres à educação e, por esse motivo, vítima de um atentado. A jovem sobrevivente ganhou o Nobel da Paz de 2014 e, atualmente, fora de seu território, continua em defesa ao acesso à educação de meninas como ela.

Esse discurso até parece feminista, mas não é. É humanitário, já que quando se toca nesse assunto, é imprescindível retomar os índices que apontam que os feminicídios no RS deixaram 82 crianças e adolescentes órfãos em 2023.

O ‘sexo frágil’ ainda age na luta por respeito e acessos igualitários. Ganhos como a Lei Maria da Penha nos mostram que vale a pena lutar pelos direitos das mulheres.

Parabenizá-la somente neste dia e esquecer que em todos os outros as mulheres precisam de respeito e de oportunidades iguais é desmerecer a luta de nossos antepassados e pensar como seríamos inseridas em um contexto em que não havia poder legítimo a esse gênero.

O desafio começa ao nascermos mulheres, ao carregarmos o lar, os filhos, a educação, a louça da pia, a roupa do tanque e a pilotar o fogão. Mesmo que Deus me fizesse homem, menos trabalho eu teria, mas a oportunidade, negaria, pois nasci pra ser mulher.