O valor médio para cada empregado formal no município é de R$ 3.394,78. No estado, 5,4 milhões de pessoas vão ser beneficiadas

Quando se aproxima o final do ano, trabalhadores formais, bem como aposentados e pensionistas já ficam na expectativa para receber o 13º salário. É o momento em que dívidas podem ser quitadas, ganha-se o valor para pagar os impostos de veículos e imóveis, além da oportunidade de presentear os familiares nas festas de Natal e Ano Novo.

Segundo a coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Jacqueline Maria Corá, o 13º representa um momento importante para a economia. “Historicamente, em torno de 40% do valor é destinado a quitar contas vencidas. Outra parte importante é destinada às compras de final de ano, ao pagamento de tributos como IPVA e IPTU e, uma parte menor é destinada a ser poupada”, afirma.

De acordo com dados disponibilizados pelo Observatório do Trabalho da UCS, no Rio Grande do Sul a estimativa é que o 13º contribua com R$ 13,8 bilhões na economia do estado, para 5,4 milhões de gaúchos. Em Bento Gonçalves esse valor é de R$ 201.879.489,46, sendo que a média para cada empregado formal é de R$ 3.394,78 e para os beneficiários da previdência social, R$ 1.581,74.

O que fazer com o benefício?

A economista garante que o melhor é resolver questões urgentes. “Se existem dívidas e estão vencidas, devemos priorizar estes pagamentos, pois as taxas de juros cobradas são muito altas e quanto mais deixamos o tempo passar, pior fica a situação. Com dinheiro na mão, fica mais fácil negociar com os credores”, orienta.

Uma das prioridades também é fazer a reserva de emergência o quanto antes. “Coloque o valor no banco e não mexa. É o primeiro a ser destinado e guardado, depois, paga-se as dívidas e, por último, destina-se aos presentes e festa”, frisa.

Entretanto, Jacqueline explica que é importante deixar, mesmo que a menor parte, para as compras de fim de ano. “O 13º salário é uma espécie de prêmio extra que o trabalhador recebe, é importante que haja a compensação pelo ano trabalhado. Quer dizer que é preciso deixar uma parte do valor para que se possa comprar um presente para quem se ama, uma roupa nova, fazer a ceia de Natal, ainda mais em um ano tão difícil. O importante é ser comedido e responsável com o que se pode gastar ”, recomenda.

A parcela de dezembro deve ser paga até o dia 20. A segunda tem um valor menor que a primeira. “Então, na hora de fazer o planejamento, considere que os tributos serão descontados na segunda”, salienta.

Pandemia muda conduta do consumidor

Diante da pandemia e da crise financeira que o mundo está enfrentando, há uma tendência de mudança no comportamento das pessoas com relação aos gastos. A possibilidade de que uma nova onda da Covid-19 volte a causar transtornos, além da inconstância das bandeiras no Modelo de Distanciamento Controlado do Governo do Estado, causam receio.

Jacqueline acredita que a tendência é que o consumidor tenha duas posturas. “Algumas pessoas que estão receosas e preocupadas com os desdobramentos da crise, o que teremos que enfrentar em 2021 e como ficará o desemprego que vem crescendo neste final de ano. Diante da incerteza, poderão ficar mais preocupadas e farão reservas de emergência, pois aprenderam que ficar sem elas pode ser muito perigoso”, conta.

Por outro lado, a professora da UCS acredita que também pode haver o efeito contrário por conta dos problemas vividos em 2020. “Um ano tão difícil que tivemos que enfrentar pode levar as pessoas a relaxarem nos gastos, a criarem compensações para o isolamento, a tristeza, a ausência das pessoas queridas e a impossibilidade de confraternizar com a família. Então, para reparar as perdas, acabam gastando em presentes, roupas, bens materiais, alimentação, bebidas, etc.”, pensa.

A segunda postura pode ser, de acordo com a economista, um cenário mais complicado e perigoso. “As festas acabam e o ano começa e, com ou sem pandemia, teremos um período difícil economicamente pela frente. Minha dica é sempre o equilíbrio entre os gastos no presente e no futuro. Não podemos só pensar no amanhã e esquecer de viver o hoje, mas o inverso também não dá certo – pensar só no hoje e esquecer que amanhã a vida segue e os compromissos batem na porta”, argumenta.