A despoluição do Lago da Fasolo voltou à tona nesta semana em Bento Gonçalves. A história envolvendo a despoluição do mesmo é de longa data. O terreno do Lago Fasolo chegou a ser utilizado nos anos 1930 por uma olaria. Porém, na década seguinte o mesmo foi adquirido pelo Curtume Fasolo, o qual fazia da água do lago um fator determinante para a manufatura de couro. Em um período superior a três décadas, o lago recebeu detritos e o esgoto de bairros vizinhos.

Há nove anos, foi resolvido uma parte do problema ao perceber que a existência de um cano de esgoto que desembocava diretamente nas águas do lago.

Desta forma, a despoluição do Lago da Fasolo foi exigida pelo Ministério Público. No local, chegou a existir um projeto para a construção de um parque público. A ideia foi encarada como uma utopia e jamais o projeto foi levado adiante. Embora o despejo de esgoto tenha continuado até o ano de 2004.

Em 2008, uma licitação dava a entender que a despoluição, finalmente, ocorreria, mas foi outra ideia que não foi concretizada. Na época, a estimativa era que seriam gastos um pouco menos de R$ 50 mil na despoluição do lago.

Assim, até a data de hoje, a empresa proprietária do terreno é a responsável pela limpeza do lago. Isto acabou em um inquérito civil, onde a Promotoria de Bento Gonçalves solicitou a despoluição do lago. Em 2011, já se falava em R$ 400 mil para efetuar a despoluição do lago. No mesmo ano, a Câmara de Vereadores aprovou o projeto de Crédito Pessoal para a aquisição mais de 15 mil m² de um local adjacente ao lago Fasolo. O investimento, na época, foi de R$ 1,5 milhão. No final do mesmo ano, a Administração Municipal desapropriou a área.

Nesta semana, a Administração Municipal começou a retirar as chamadas “Marrequinhas” do lago, mas o saneamento segue sem previsão. A ação de limpeza iniciou em virtude da mortande de peixes. Todavia, a Promotoria de Bento Gonçalves enfatiza que a ausência de tratamento, que polui o lago, gera ao município, devido à omissão de tempos passados, a responsabilidade em relação ao saneamento por se tratar de uma Área de Preservação Permanente.  Em uma semana de trabalho, a prefeitura de Bento Gonçalves limpou 1000 m² de um total de 26 mil m². Por ser uma Área de Preservação Permanente (APP), trata-se de um instrumento de interesse relevante na questão do meio ambiente, pois integra o desenvolvimento sustentável, além de ser o principal objetivo das presentes e futuras gerações.

Uma APP deve ser preservada, em primeiro instante. A limpeza iniciada esta semana pela prefeitura de Bento Gonçalves é, de certa forma, um esclarecimento para uma pergunta feita há muitos anos e que parecia esquecida pelas autoridades, que diz: “A despoluição vai ocorrer ou serão apenas poses fotográficas para o álbum da política brasileira?”.