A última sessão do ano da Câmara de Vereadores realizada nesta quarta-feira, 23 de dezembro, teve clima quente e com anúncios importantes feitos por parlamentares. Pelo menos dois partidos entrarão 2016 sem líderes de bancada: o PMDB e o PT. Os vereadores Moisés Scussel Neto (PMDB) e Moacir Camerini (PT) deixam a liderança de suas bancadas, mas por motivos diferentes. No Partido dos Trabalhadores, Neilene Lunelli deve assumir a liderança do partido, porém, no PMDB a situação ainda é uma incógnita, devido à possibilidade de saída de seus dois representantes da sigla após a abertura da janela de transferências no mês de março.

Aproveitando o espaço de 15 minutos na tribuna, o vereador Moacir Camerini afirmou que está deixando a liderança do PT no Legislativo devido à falta de respeito dos colegas parlamentares e por não ter recebido apoio dos vereadores de seu partido, principalmente na votação de projetos. Segundo ele, a decisão é irreversível e que não pretende representar mais a sigla no Legislativo. A vereadora Neilene Lunelli anunciou em seu pronunciamento que se coloca à disposição para assumir como líder de bancada e irá continuar na sigla, alegando que um partido não muda a índole de uma pessoa. “Continuarei sendo do PT, independente do que aconteça, pois eu tenho uma ideologia e isso não vai mudar”, destaca a vereadora.

O presidente do diretório municipal do PT, Jovelino Milese, afirma que a executiva recebeu com naturalidade o posicionamento do vereador. Além disso, o diretório já havia definido que iria trocar o líder de bancada no ano que vem, tendo o vereador apenas se antecipado a uma decisão que já tinha sido tomada. Milese lamenta a postura de rebeldia do vereador que, segundo ele, vinha comentando seguidamente ao longo do ano que vinha recebendo convites para se filiar em outro partido. “O vereador se esquece que apenas com seus votos não conseguiria se eleger. Foi a votação conquistada pelo partido que garantiu uma cadeira a ele. Caso ele venha a sair, como está dizendo, apenas desejamos sorte”, finalizou o presidente.

Situação delicada no PMDB

Porém, a situação do PMDB na Câmara é mais delicada. O discurso feito pelo vereador Moisés Scussel Neto, ao anunciar que não será mais líder de bancada, deixou claro que existe uma divisão interna dentro do PMDB. Em seu discurso, Scussel afirmou que a sigla está partida e que é composto por algumas pessoas que querem macular (sujar) sua imagem, que não respeitam quem tem voto dentro do partido. “Este é o meu último dia como líder de bancada do PMDB. Não sei se teremos um líder, pois na verdade não sei se o PMDB terá bancada na Câmara de Vereadores”, afirmou o parlamentar.

Scussel foi mais longe e atacou o PMDB, alegando que sente vergonha em dizer que é vereador peemedebista. Ele denunciou que foi notificado extrajudicialmente e ameaçado pelo partido de sofrer um processo ético por não fazer mais contribuições partidárias mensais. O parlamentar alega que está amparado no que diz as resoluções do TRE e TSE desobrigando este tipo de cobrança. Scussel encerrou dizendo que os partidos querem mandar nos vereadores e prefeitos e ele está cansado de tudo isso. Citou alguns presidentes do diretório municipal e afirmou que dói dizer que é do PMDB de Bento Gonçalves neste atual momento. O vereador citou ainda o presidente do diretório, César Gabardo, e disse que ainda não sabe se sairá do partido, decisão que deve acontecer somente em março, com a abertura da janela de transferências partidárias. “Tenho um enorme respeito pelos filiados do PMDB e por aqueles que construíram a história deste partido. Hoje, o partido não diz mais nada e este presidente que aí está não me representa. Não foi neste PMDB que eu me elegi e concorri em três eleições. Este partido que está aí não me respeita”, desabafou o parlamentar.

Para o presidente do diretório municipal do PMDB, César Gabardo, a situação não é considerada grave. Segundo ele, primeiramente a executiva irá esperar um comunicado oficial do vereador Moisés Scussel Neto para saber quais são os procedimentos e como ficará a bancada peemedebista na Câmara. “Ainda não sabemos qual será a posição do vereador Márcio Pilotti. A partir daí vamos sentir os reflexos desta decisão”, afirma o presidente.

Além disso, Gabardo revela que a manifestação do vereador Scussel reflete a mudança de postura tomada pelo diretório nos últimos meses, fato que não agradou a alguns integrantes do partido. O presidente afirma que o objetivo do diretório foi buscar uma reformulação completa para tornar Bento Gonçalves novamente uma referência política regional. “Enganam-se aqueles que pensam que este é um projeto do César Gabardo. É uma iniciativa de mais de 200 pessoas que compõem o diretório principal, o PMDB Jovem e o PMDB Mulher. Bento não pode continuar se contentando com migalhas e dependendo de lideranças de outros municípios para aparecer no cenário político estadual e nacional. Queremos eleger um deputado da nossa cidade, algo que não acontece há mais de 25 anos. Nosso partido está fazendo uma reformulação, que os demais partidos comecem também”, declarou Gabardo.