Prefeitura busca identidade e nome do vendedor para esclarecimentos

No dia 29 de dezembro de 2018, o que deveria ser uma simples abordagem de fiscais para um vendedor de rua com sua carga de abacaxi gerou uma grande repercussão e de forma negativa. Tudo graças a um vídeo feito por um morador que passava pelo local e divulgado nas redes sociais.

Uma sindicância interna da Prefeitura foi aberta, mas ainda não há prazo que seja encerrada.
O vendedor ambulante estava com uma pequena carga de abacaxis e passava por um bairro da cidade quando foi avistado pelos fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico na busca de documentos de legalização do serviço. Ao ser abordado e após alguns minutos, o vendedor atira no chão toda a carga da fruta em um ataque de insatisfação.

O fato foi filmado, divulgado e se espalhou rapidamente nas redes sociais. No mesmo dia, mediante a divulgação nota oficial, o prefeito Guilherme Pasin determinou abertura de sindicância para apurar a responsabilidade dos servidores envolvidos.

A nota ainda determina que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico faça contato imediato com o vendedor para reparar quaisquer danos devido ao ocorrido. O secretário Desenvolvimento Econômico Sílvio Bertolini Pasin, na quinta-feira, 3 de janeiro, atualizou o caso para a reportagem do Semanário. “Realmente a sindicância para apurar os fatos está aberta e em andamento. Esse é um processo de ordem interna. Precisamos ter certeza do que ocorreu naquele dia. Por isso, preferimos não colocar um prazo para encerramento, até pela complexidade da situação. Sobre os fiscais, eles só serão ouvidos por essa sindicância”, destaca.

A identidade do vendedor informal, ainda não foi descoberta, como revela Pasin. “O que temos de informação é que a pessoa em questão não é munícipe de Bento Gonçalves e que seria oriundo de Novo Hamburgo. Ele viria a Bento para trabalhar e recebia de um terceiro uma diária para a venda dos produtos, algo em torno de R$40 a R$50, sem rentabilidade financeira. Seguimos buscando entrar em contato com esse vendedor,. Eu também estou trabalhando para isso”, salienta.

Uma possível pressão ao vendedor ao ser encontrado é descartada de forma enfática por Pasin. “Em hipótese alguma vamos fazer algum tipo de maldade com essa pessoa. Não vamos questionar se ela está formalizada ou não. É uma questão de ser humano, acima de qualquer coisa. Queremos ouvir o que ele tem a dizer”, pondera.

Ao ser questionado sobre como foi feita a abordagem e a reação do vendedor, Pasin procurou dar uma versão. “Vale ressaltar que não foi nenhum dos fiscais do município que jogou o carrinho no chão, desperdiçando o produto e sim, foi o próprio vendedor em um ataque de desespero, fúria, uma ação até mesmo impensada devido a pressão do momento. A abordagem deve ser primeiro orientativa, não se apreende nada”, lembra.

Pasin reitera ainda que mesmo que o produto seja apreendido, estaria a disposição do vendedor. “Há um prazo conforme consta na lei para que as mercadorias sejam retiradas. Os não perecíveis, caso não sejam retirados, nós encaminhamos, também obedecendo ao processo legal, para as instituições filantrópicas do nosso município, como o Lar do Ancião, por exemplo. Nada fica para o Poder Público”, esclarece.

Ainda sobre o fato, segundo o secretário, os comerciantes ilegais devem entender e estar dentro das regras do município. “Essas pessoas precisam ter a consciência que esse tipo de comércio não é permitido em Bento Gonçalves. Eles devem se legalizar como as demais lojas que trazem benefícios para a cidade e a população, que pagam seus impostos. Não podem ficar fora do contexto”, frisa.

O Sindilojas Bento Gonçalves, através do presidente Daniel Amadio, também se manifestou sobre o assunto e ressaltou a importância da legalidade do comércio. “Sempre tivemos o entendimento que a formalização é o melhor caminho de consenso. Sempre buscamos alternativas, via Sindilojas ou Fecomercio de trazer esses ambulantes para trabalhar de forma legal, mostrando alternativas para contribuir com a comunidade. É nesse sentido que iremos reunir as forças do município e buscar alternativas para que isso aconteça”, exalta.

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