Nosso bem-estar depende do uso consciente dos recursos naturais. Entenda por que, hoje, ser sustentável é ser saudável – e vice-versa.

Cada real gasto com saneamento básico poupa quatro em tratamentos médicos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse dado já mostra o enorme impacto de espaços poluídos na qualidade de vida. Por outro lado, reforça que proteger o meio ambiente e prevenir doenças em vez de remediá-las é uma tática eficaz e econômica. “Devemos nos focar na promoção de saúde, e não apenas investir na assistência dos enfermos. Essa, aliás, é uma medida sustentável”, assegura Paulo Buss, diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

Isso faz sentido. Primeiro porque hospitais gastam muita energia e produzem lixo à beça para cuidar dos pacientes — o ideal, então, é incentivar práticas que mantenham a população saudável, reduzindo o número de idas a esses locais. “Seguindo a maioria das atitudes recomendadas para evitar diversos males, como andar menos de carro e mais a pé ou preferir alimentos naturais a industrializados, já diminui o nível de poluentes emitidos”, observa Paulo Saldiva, patologista da Universidade de São Paulo. Confira a seguir como ainda maltratamos a água, a terra e o ar e aprenda o que você pode fazer para preservar tanto os recursos naturais como a sua saúde.

Água

A seca só cresce – o desperdício de água em certas regiões ocasiona a falta do líquido em outras. A seca, problema cada vez mais comum, leva à desidratação e à morte. A desertificação de terra atinge atualmente 31 milhões de brasileiros.

A rua vira rio – O solo das cidades, muito por causa do asfalto, fica cada vez mais impermeável. As únicas aberturas para o escoamento da água da chuva são fossas e bueiros. Boa parte das enchentes ocorre quando essas saídas entopem com o lixo jogado na rua.

Descarte de remédio – Saneamento básico já! O despejo de esgoto na natureza acaba com a biodiversidade de rios e lagos e também afeta o ser humano: diarreia, esquistossomose, cólera e hepatite A são sequelas dessa forma de poluição.

Perigo químico – Uma prática comum é jogar remédios fora na pia ou na privada. Não pode! A rede de tratamento de esgoto de muitas cidades é incapaz de retirar essas substâncias da água.

A contaminação de H2O – Determinados fármacos, desse jeito, voltam às casas na água tida como tratada. Esses medicamentos podem, então, dar origem a câncer, infertilidade e ovários policísticos.

As Hidrelétricas – Elas inundam uma área imensa da natureza, favorecendo chateações como a malária e obrigando a evacuação de povos ribeirinhos. Mas são uma fonte energética limpa e eficaz. O jeito é economizar luz para aplacara necessidade de mais hidrelétricas e mesmo de fontes de energia poluentes. 68% da energia consumida no Brasil vem de hidrelétricas.

A seca – 40% das pessoas no mundo vivem com menos água que o indicado. 37% da água retirada do meio ambiente brasileiro porem presas de saneamento é desperdiçada.

Efeitos no corpo

Desidratação;

Leptospirose, malária e outras infecções;

Câncer;

Infertilidade;

Ovários policísticos.

O que podemos fazer

O uso de eletricidade no país só cresce. O pico acontece à noite, quando as luzes são ligadas. Nada como dedicar esse momento ao travesseiro para diminuir essa despesa e conquistar mais saúde.

Materiais como remédios, pilhas e óleo de cozinha não devem ser jogados no lixo comum, muito menos na privada, por causarem intoxicações. Procure postos de coleta especializados.

Tenha sempre uma garrafinha de água por perto. Além de evitar o uso de copinhos plásticos, você fará um bem ao seu corpo por deixá-lo hidratado. Mas não se esqueça de lavá-la para que não vire um poço de bactérias.

Terra

Redução da variedade – A derrubada de florestas para produzir madeira e ampliar lavoura se pastagens retira cerca de 200 espécies de árvores diferentes por hectare. O local fica com só uma dezena de tipos de plantas.

A perda do desconhecido – O desmatamento sem controle das matas leva ao sumiço de gêneros de plantas e animais que nem sequer foram observados. Esses seres desconhecidos são essenciais ao ecossistema e poderiam até se tornar substrato para novos remédios e alimentos.

Montanha de lixo – Na maioria das cidades brasileiras, o descarte dos detritos domésticos é feito sem cuidado com a natureza. Os lixões produzem chorume e gases tóxicos, que afetam a saúde do homem e destroem o meio ambiente.

Ameaças que gostam de sujeira – Os lixões a céu aberto — e os dejetos atirados nas ruas — favorecem as pragas. São Paulo, por exemplo, enfrenta problemas de saúde pública graças ao aumento do número de ratos, pombas, baratas, pulgas e até escorpiões.

Desigualdade à mesa – A principal parcela da superprodução alimentícia chega às regiões mais ricas do planeta. Ou seja, enquanto locais pobres às vezes ficam desabastecidos e sofrem com a fome, os desenvolvidos têm que lidar cada vez mais com ofertas fartas de junk food e a crescente epidemia da obesidade.

Desperdício sem tamanho – Quase metade dos alimentos cultivados se perde no caminho: o Brasil seria capaz de dar de comer a toda a sua população e ainda exportar excedentes se aproveitasse bem os itens que planta.

Veneno à mesa – o uso excessivo de agrotóxicos elimina pragas, mas também contamina a comida. Essas substâncias estão relacionadas a câncer, problemas respiratórios e neurológicos e até abortos.

Efeitos no corpo

Câncer;

Aborto;

Problemas respiratórios;

Disfunções neurológicas;

Obesidade;

Intoxicação.

O que podemos fazer

Será que você realmente precisa comprar tanta coisa? A quantidade de lixo decorrente do consumismo atinge o seu organismo. Reduzir os gastos protege o corpo e a natureza – além de sua conta bancária.

Seja criterioso ao escolher os ingredientes que vai colocar à mesa: uma boa saída é procurar nas gôndolas do supermercado alimentos orgânicos, aqueles que não recebem agrotóxico na lavoura.

Ter uma casa limpa e organizada é uma das melhores ações para deixar ratos, baratas e companhia do lado de fora do portão. O lixo acumulado é o esconderijo predileto dessas pragas.

Ar

A fumaça de automóveis, indústrias, queimadas, da agropecuária e até da lenha e do cigarro polui a atmosfera e contribui para o aquecimento global. Isso tudo, junto, acarreta problemas que ameaçam cada um de nós. Mas calma: é possível melhorar esse panorama

Uma digestão polidora – Durante a ruminação do capim, os bois liberam metano – sim, eles soltam puns, principalmente se a pastagem é de qualidade ruim. Esse gás estraga acamada de ozônio, a proteção do planeta contra os raios solares nocivos à pele, e colabora para o efeito estufa.

Dentro de casa – Ao queimar lenha na lareira ou para cozinhar, você polui sua residência. Isso, no Brasil, gera 10 mil mortes por ano. O cigarro é outro que envenena o ambiente interno. Aliás, ele também danifica a atmosfera, embora em parcela menor.

O aquecimento global – Toda a poluição do ar, unida, forma uma espécie de estufa que impede a saída de raios ultravioleta e, com isso, mantém a temperatura da terra elevada. O calor excessivo afeta os ecossistemas – uma das consequências são as chuvas torrenciais ao longo do ano inteiro, que patrocinam epidemias.

E a dengue – Após chuvas fortes, a água acumulada em pneus, garrafas e afins vira depósito das larvas do mosquito que propaga a doença. Outra razão para contra-atacar o aquecimento global.

E as indústrias? – Justiça seja feita, houve um esforço nacional para controlar os gases expelidos pelas fábricas. Mas elas seguem despejando sujeira no ar, muitas vezes para produzir itens que só geram mais e mais desperdício.

Ruas lotadas – O Brasil tem uma enorme frota de carros. Usados com frequência para transportar só uma pessoa, eles emitem poluentes e contribuem para o sedentarismo, já que seus donos passam a se mexer pouco para chegar a um lugar.

As queimadas – A fumaceira vinda da incineração de mata se canaviais, resultado também de uma agropecuária arcaica, indica o tanto de sujeira que vai para a atmosfera. Essa nuvem viaja para outras regiões, afetando o ar, além de pulmões, coração e olhos.

Efeitos no corpo

Irritação nos olhos;

Males cardíacos e também respiratórios;

Sedentarismo;

Dengue e outras epidemias;

Câncer de pele.

O que podemos fazer

Lançar mão do transporte público faz com que você caminhe mais ao mesmo tempo que poupa a atmosfera da poluição de um carro. A bicicleta é mais uma ótima alternativa.

Coma carne vermelha de duas a três vezes por semana no máximo. O consumo exagerado favorece tumores e estimula o crescimento odo rebanho brasileiro, já grande e poluidor o suficiente.

Não queime o lixo doméstico, opte por um fogão a gás em vez de um a lenha e, por último, fuja do tabagismo. Assim você não prejudica seus pulmões, tampouco o ar que respiramos.

Fonte: saude.abril.com.br