Denúncia anônima foi recebida no Presídio de Bento Gonçalves (PEBG); administração confirmou e toma providências

Uma denúncia sobre um possível resgate de um preso considerado perigoso pela Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) preocupou os agentes do Presídio Estadual de Bento Gonçalves (PEBG) e movimentou a área de segurança pública da Casa para tentar evitar uma fuga do detento. A Administração do Presídio confirmou a existência da denúncia, feita de forma anônima, e afirmou ter tomado todas as atitudes necessárias para evitar que o caso ocorresse.

O possível resgate

De acordo com fontes próximas ao serviço penitenciário de Bento, a denúncia foi recebida na Casa de Detenção no dia 10 de outubro. Segundo o conteúdo, um plano seria elaborado para resgatar o preso, de 29 anos. Na ação, dois veículos vindos de Caxias do Sul, de uma facção que se intitula “Os Manos”, com integrantes fortemente armados, faria o resgate durante uma saída para atendimento médico em uma unidade de saúde.

Um dia antes, na segunda-feira, 9 de outubro, o preso, de 29 anos, solicitou atendimento médico para a Susepe, para ir à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h. O plano pretendia efetuar o resgate na UPA ou no trajeto feito pela escolta. No dia 13, pós-feriado, o preso voltou a solicitar atendimento médico. Dessa vez, em função da denúncia, não foi atendido.

Ainda segundo a fonte anônima, o preso teria passado a afrontar todos dentro da Casa, em função de ter o pedido para atendimento negado. O detento passou a enfrentar servidores e até mesmo a administração, para tentar obter o controle da Galeria. “Como ele viu que a estratégia de simular doença não deu certo, ele mudou”, afirma a fonte anônima.

Direção afirmou ter conhecimento

A administração do Presídio Estadual de Bento Gonçalves (PEBG) afirmou ter conhecimento da denúncia. De acordo com o diretor da Casa, José Marcio da Rosa Oliveira, a Susepe e a 7ª Delegacia Penitenciária Regional já estão tomando as providências necessárias frente à informação.

Oliveira confirmou que houve a denúncia nos termos citados, e que o preso solicitou o atendimento médico fora da Casa de Detenção. Ainda segundo ele, a administração optou por tomar algumas precauções diante do fato. “Como o preso se queixou de dores, a gente optou por trazer o atendimento pra dentro do Presídio, além de tomar todos os cuidados necessários”, explica.

Ainda segundo ele, são recebidas diversas denúncias todos os dias. No entanto, as informações são filtradas e analisadas para saber o que pode ser verdade ou não. “Claro que, em situações onde venham insinuações de resgate, a gente toma maior cuidado”, afirma.

De acordo com o diretor do presídio, Bento Gonçalves não tem histórico de ter facções dentro do Presídio. Ainda segundo o diretor, são poucos os presos que levantam bandeiras de facções, mas sem possuir de fato ligações com grupos organizados de centros maiores, como Caxias do Sul ou Porto Alegre. “São ações isoladas. No entanto, a inteligência da Susepe monitora com frequência para saber o que há de verdade nessas ações”, finaliza.

A informação é corroborada pela fonte anônima próxima ao serviço penitenciário, ao qual a reportagem do Semanário teve acesso. Segundo ele, os presos que costumam se intitular membros de facções são “presos comuns”, com passagens por crimes como roubo. “Em muitos casos nem a própria facção reconhece eles, a não ser por terem contraído dívidas na rua ou enquanto estiveram transferidos em outras cadeias”, afirma.

Nos casos em que houver denúncia de forma anônima, Oliveira recomenda que seja registrado um Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia de Polícia, para garantir mais respaldo à investigação. De acordo com ele, só a denúncia em si faz com que o procedimento fique fragilizado. “O registro faz com que a gente possa ter a materialidade da prova para dar andamento a um procedimento administrativo junto ao preso”, explica.