Quantidade recorde, mas com o preço lá embaixo. Esse é o drama dos produtores de pêssego de Pinto Bandeira, que comemoram a safra de qualidade e o aumento da produção em relação aos anos anteriores, mas lamentam a queda do preço da fruta. O caso é que a elevada quantidade no mercado, em virtude da boa safra, faz com que o valor do produto caia consideravelmente. Além disso, o resultado foi bom, também, em outras regiões produtoras, o que faz com que o mercado se torne ainda mais competitivo.
O produtor Valdermir Rigon, de 50 anos, cultiva pêssegos durante toda vida, seguindo a tradição herdada do pai. Ele conta que, neste ano, a safra rendeu cerca de 250 toneladas contra aproximadamente 160 no ano passado. Mesmo assim, o lucro de Rigon não cresce da mesma forma que a quantidade produzida, uma vez que há um aumento de despesas de logística, estocagem e mão de obra. “Esse ano o preço ficou 50% mais baixo, ou até mais do que isso”, lamenta. Praticamente toda a produção de Rigon é destinada para o Rio de Janeiro e São Paulo.
O caso de Adair Rizzardo, de 48 anos, é parecido com o de Rigon. Neste ano, a safra rendeu 545 toneladas, enquanto que, no ano passado, o total foi 230. Ou seja, a produção aumentou quase 140% de 2016 a 2017. “O recorde foi só de peso, porque o preço continua um desânimo”, comenta.
De acordo com Rizzardo, o valor do produto diminuiu cerca de 70% em relação a safra anterior. Ele conta que, mesmo assim, teve dificuldades de colocar sua produção no mercado. “Nós tivemos problemas de venda em novembro e dezembro, porque São Paulo e o sul de Minas Gerais tiveram muitas frutas. A safra de pêssego foi recorde em todo o Brasil”, afirma. A produção de Rizzardo é destinada principalmente para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Fortaleza e Recife.

Excesso de pêssegos no mercado

Na avaliação do técnico da Emater Thompson Didoné, a safra deste ano pode ser considerada recorde, levando em conta a média histórica. De acordo com ele, a produção ultrapassou 20 toneladas por hectare.
O excelente resultado é reflexo, sobretudo, do clima do ano passado, que colaborou com a floração dos pessegueiros, conforme explica Didoné. “Nós tivemos um inverno muito bom. A gema amadureceu e apresentou uma excelente coloração. Por isso, o resultado é uma safra acima do normal em termos de quantidade e qualidade”, observa. Além disso, o técnico explica que as plantas se mantiveram vigorosas desde a safra anterior.
Porém o problema apontado por Didoné também envolve a questão do preço, uma vez que quando há muita oferta do produto no mercado, o valor cai. “A qualidade, sem dúvida nenhuma, influencia no preço, mas quando há uma oferta acima do normal, prejudica”, observa. Apesar do excesso da fruta no mercado, o técnico observa que os estoques não estão altos nas câmaras frias.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário desta quarta-feira, dia 25.